Então, replicou: Pai, eu te imploro que o mandes à minha casa paterna, porque tenho cinco irmãos; para que lhes dê testemunho, a fim de não virem também para este lugar de tormento. Respondeu Abraão: Eles têm Moisés e os Profetas; ouçam-nos. Mas ele insistiu: Não, pai Abraão; se alguém dentre os mortos for ter com eles, arrepender-se-ão. Abraão, porém, lhe respondeu: Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos (Lc 16.27-31).
Quando Deus estava criando os Céus e a Terra, eis que a cada etapa da criação era dito: E viu Deus que isso era bom. Sim, tudo que Deus fez é muito bom. Muitas coisas não consigamos entender por causa de nossas mentes finitas e por não sabermos os detalhes do desfecho final da história, desde a criação, passando pelo Juízo final de Deus até a eternidade. Faz parte da criação de Deus o mistério da pós morte; o fato do homem decidir seu destino no além em sua vida aqui na terra; e o total isolamento dos que já partiram daqueles que ficaram. Pelas nossas mentes finitas achamos que seria muito melhor se houvesse um noticiário do além, em que veríamos o destino daquele que se foi e veríamos logo que sua ideologia era falsa. Mas Deus determinou que a salvação se adquirisse por fé, e fé é “a certeza de coisas que se esperam, a convicção de fatos que se não vêem” (Hb 11.1); dar uma espiadela no além para se decidir não provém de fé.
O episódio acima é parte de uma parábola contada por Jesus em que um homem decidiu, enquanto vivia aqui na terra, não dar ouvidos a voz de Deus e buscar sua salvação enquanto havia oportunidade. Seu arrependimento era tão grande que ele implorava para que alguém voltasse dos mortos e alertasse seus entes queridos para que não seguissem seus passos e tivessem o mesmo destino dele.
Embora isso não seja possível, porque não fora assim que Deus determinou que fosse, imaginamos que se o terrorista Osama Bin Laden voltasse do além, qual seria sua mensagem a humanidade? Será que ele manteria sua ideologia? Será que ele incentivaria pessoas a darem cabo de sua própria vida, ceifando com ele tantas outras vidas inocentes? Será que ele orquestraria outro ataque terrorista em que ceifaria a vida de tantas pessoas inocentes? Será que ele continuaria a incitar as nações contra Israel?
Não temos como julgar o destino de ninguém que partiu, pois a única coisa que sabemos é que os justos (aqueles que foram justificados por Deus) herdarão o Reino dos Céus, enquanto que os ímpios, os incrédulos, receberão o justo castigo da condenação eterna do inferno. Mas muitos podem ter a mesma oportunidade do ladrão na cruz, em que fora justificado e salvo nos instantes finais de sua vida. Entretanto, pela Palavra de Deus, uma coisa podemos ter certeza: Se Bin Laden seguiu sua ideologia até o fim de sua vida, ele não pode estar desfrutando do Reino de Deus.
Por isso, como aquele rico da parábola de Jesus, se Bin Laden voltasse hoje dos mortos, ele mudaria o seu discurso. Ele seria obrigado a reconhecer diante de todos que sua ideologia era vã, que não conduz a lugar algum senão à perdição eterna. Ele diria que a verdadeira jihad seria empenhar um grande esforço para que a vontade de Deus seja colocada em prática em todos os aspectos da vida, tanto na política, como também na vida pessoal e social e isso não seria pela força, mas pelo amor. Ele reconheceria que o verdadeiro mujahid é aquele que se empenha nesta luta, empunhando as únicas armas que a Palavra de Deus nos motiva a usar: a fé, a esperança e o amor. Ele seguiria dizendo que ninguém pode ganhar nem um milímetro do Reino de Deus por revestir-se com bombas e detoná-las em meio a multidões, não haveria recompensa nenhuma para isso a não ser o destino eterno na escuridão das trevas. Ele pregaria que orquestrar e executar ataques terroristas seria assassinar vidas e assassinos não entram no Reino de Deus.
Como podemos ver, se Bin Laden pudesse voltar seu discurso mudaria radicalmente, mas seus compatriotas não ouviriam este discurso, porque Deus, em Sua sabedoria, que está muito aquém da nossa, diz que Se não ouvem a Moisés e aos Profetas, tampouco se deixarão persuadir, ainda que ressuscite alguém dentre os mortos. A verdade é que com este discurso Osama Bin Laden seria morto pelos seus próprios compatriotas e se tornaria um mártir, não um mártir de uma ideologia vã, mas um mártir da única verdade que existe: a Palavra de Deus.
Desde a antiguidade muitos cristãos têm sido mortos por manterem sua fé e ainda hoje o sangue de muitos mártires são derramados pela terra nos países islâmicos. Todos eles se encontram diante do Trono de Deus, vestidos de vestiduras brancas, pois são homens dos quais o mundo não era digno (Hb 11.38) e aguardam o dia em que Deus tomará a vingança contra aqueles que praticaram estas atrocidades. Esta é a esperança cristã e não precisamos que ninguém venha do mundo dos mortos para torná-la viva em nós. Que Deus te abençoe. Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
