Não
posso me calar diante do que está acontecendo. Quando chega a época de campanha
política quem tem pelo menos um pouco de bom senso sente vontade de se mudar
para outro país. É impressionante o que as pessoas são capazes de fazer e armar
para chegarem à vitória, chegarem ao poder. Ao invés de progredirmos nas
campanhas, oferecendo à comunidade uma campanha limpa, saudável, oferecendo ao
eleitor prazer em ler as metas, os objetivos, os planos e projetos dos
candidatos e os comentários dos eleitores, nos são forçados a presenciar somente
infâmias e trocas de acusações. Sinto que na política estamos mergulhando em um
abismo sem volta, pois cada campanha torna-se mais degradável que a outra.
Nenhum candidato consegue focar no seu plano de governo e desprezar seu rival.
Nenhum candidato consegue focar no que pretende fazer, mas foca as atenções no
que fez, como que se o que ele fez fosse algo mirabolante, que só ele seria
capaz de fazer e se esquece de que ele fora eleito é justamente para fazer o
que fez, e se ele fez nada mais fez do que cumprir com as expectativas que seus
eleitores colocaram nele. Nenhum candidato consegue fazer sua campanha sem
comparações, como se ele fosse o maioral, o certinho, o ficha limpa, o honesto,
que vai governar pelo povo e não em benefício próprio. O outro? O outro sempre
é a escolha errada, o ficha suja, o desonesto, o corrupto, o incapaz. Por que
ninguém faz a sua campanha com dignidade? Por que ninguém apenas apresenta seu
plano de governo e deixa as comparações para o povo? Será que é pedir muito nos
poupar de tanta baixaria? Será que é pedir muito nos deixar entrar nas redes
sociais sem contemplar tanta infâmia? Será que é impossível sonhar com uma
campanha saudável neste país? Recuso-me a acreditar que nós, eleitores,
seríamos incapazes de escolher nosso candidato sem vê-lo pisar no seu rival,
sem vê-lo passar por cima de seu rival, sem vê-lo tentando desmascarar seu
rival, sem vê-lo inflamando o povo contra seu rival e, principalmente, sem
vê-lo injuriando, desonrando e difamando seu rival.
É
na Bíblia que encontramos o modelo ideal de moralidade e ética. O candidato que
se diz cristão deve, no mínimo, considerar este modelo e segui-lo à risca. Caso
não o consiga aconselho a não usar o nome de Deus em sua campanha para não
acumular sobre si a ira de Deus em seu juízo. A Bíblia é muito clara quando nos
diz: Amai-vos cordialmente uns aos outros
com amor fraternal, preferindo-vos em
honra uns aos outros (Rm 12.10). Esse modelo não é para seguirmos
somente na igreja, mas principalmente fora dela. É impressionante a capacidade
de um político em atacar a honra de seu rival como que se ele tivesse sido
isentado por Deus para fazê-lo. Você pode argumentar: Mas estou apenas falando a
verdade e me defendendo do que o outro falou de mim. A Bíblia diz: Não
torneis a ninguém mal por mal;
esforçai-vos por fazer o bem perante todos os homens (Rm 12.17). Retrucar
com infâmia não é falar a verdade e nem defesa, mas é igualar-se ao difamador.
E você ainda pode argumentar: Mas não posso me calar diante da injustiça. A
Bíblia diz: Não vos vingueis a vós
mesmos, amados, mas dai lugar à ira; porque está escrito: A mim me pertence a vingança; eu é que retribuirei, diz o Senhor
(Rm 12.19). Deixe a retribuição para Deus, limite-se a fazer o que Deus te
ordena e espera de você que é: Se o teu
inimigo tiver fome, dá-lhe de comer; se tiver sede, dá-lhe de beber; porque,
fazendo isto, amontoarás brasas vivas sobre a sua cabeça (Rm 12.20). Ou seja,
se para derrotar meu rival tenho que difamá-lo, que ele ganhe, mas eu não farei
isso. E se você acha que este não é um assunto sério, que estou exagerando, que
as coisas não são assim como eu penso e que estou falando, saiba que Jesus
assim falou: Digo-vos que de toda palavra frívola que proferirem
os homens, dela darão conta no Dia do Juízo (Mt 12.36). Por isso que a
Bíblia nos adverte: Não faleis mal uns dos outros. Aquele que fala mal do irmão ou julga a
seu irmão fala mal da lei e julga a lei; ora, se julgas a lei, não és
observador da lei, mas juiz. Um só é Legislador e Juiz, aquele que pode salvar
e fazer perecer; tu, porém, quem és, que
julgas o próximo (Tg 4.11,12)? E ela fala isso em todos os sentidos,
inclusive na política!
Quer
chegar a vitória? É tão bom vencer, mas faça isso com dignidade! Não chegue lá
pisando em alguém, não chegue lá passando por cima de alguém, não chegue lá
desonrando as pessoas, difamando as pessoas, não chegue lá com baixarias, com
maracutaias armadas para colocar seu rival em desonra, não chegue lá com
informações distorcidas e mentirosas com a finalidade de desacreditar seu
rival, não chegue lá com manipulação para se colocar no pedestal como que
pisando sobre seu rival, exibindo-o como um troféu, antes, chegue lá mostrando
sua competência, sua dignidade, sua honra, mostre que você é diferente, prove
que você pode ser confiável, não precisa discursar que é ficha limpa e honesto,
mostre isso ao povo, a Bíblia diz: Seja
outro o que te louve, e não a tua boca; o estrangeiro, e não os teus lábios
(Pv 27.2). Seja transparente porque o eleitor não é cego, ele verá em suas
atitudes e em suas palavras que és uma pessoa capaz, de confiança, e que ele
pode depositar em você a credibilidade de governança. Uma campanha com
dignidade não é utopia, depende somente de uma pessoa determinada em seu
coração de não transgredir com a ética e a moralidade. Eu moro neste país que
amo, escolhi esta cidade maravilhosa para residir e estabelecer aqui tanto
minha vida como meu túmulo e gostaria de levantar os olhos e ver a dignidade, a
transparência e a honestidade não estampada na boca, mas nas atitudes e no governo
dos nossos candidatos. Sou eleitor, sou cidadão e tenho o direito de querer e
buscar um Brasil e uma Vilhena melhor. Chegue lá, mas chegue com dignidade que estarei
com você na sua carreata de vitória, não somente porque você ganhou, mas porque
o Brasil ganhou, porque Vilhena ganhou! Que Deus assim nos contemple em sua
misericórdia e nos abençoe! Amém!
Luiz
Lobianco
luizlobianco@hotmail.com