quinta-feira, 30 de janeiro de 2020

A CAMINHO DA ETERNIDADE


Hoje assisti a um programa na TV que mostrou uma cena que me comoveu. O programa falava sobre a Coréia. Entre tantas coisas mostraram um grupo de mulheres que mergulhavam no mar, sem auxílio de oxigênio, para colherem conchas. Era o meio de subsistências dessas mulheres. Após horas exaustivas de mergulho saíram da água e o locutor informou que suas jornadas de trabalho haviam terminado por aquele dia e que amanhã começaria tudo novamente; mas não para todas! Percebi que a maioria delas eram mulheres já idosas e mostrou uma delas que deveria ter já quase 90 anos. Ela estava extremamente exausta e quase não conseguia carregar sua produção. Ouvi-a dizer, com um olhar triste em seus olhos, que não dava mais para ela, que chegou a vez dela parar; aquele foi o seu último mergulho. Não sei quanto tempo mais ela tem de vida, mas não poderia mais fazer aquilo que, talvez, tenha feito desde a infância. Pensei em mim, que também chegará o dia em que, ainda vivo, não poderei mais fazer muitas coisas. Gosto muito de pescar, mas sei que um dia não poderei mais fazer a pescaria que mais amo: Acampar no ambiente selvagem desprovido de recursos.
Este episódio me fez lembrar de um texto da Bíblia e meditar sobre ele. O sábio Salomão escreveu: Lembra-te do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, e cheguem os anos dos quais dirás: Não tenho neles prazer; antes que se escureçam o sol, a lua e as estrelas do esplendor da tua vida, e tornem a vir as nuvens depois do aguaceiro; no dia em que tremerem os guardas da casa, os teus braços, e se curvarem os homens outrora fortes, as tuas pernas, e cessarem os teus moedores da boca, por já serem poucos, e se escurecerem os teus olhos nas janelas; e os teus lábios, quais portas da rua, se fecharem; no dia em que não puderes falar em alta voz, te levantares à voz das aves, e todas as harmonias, filhas da música, te diminuírem; como também quando temeres o que é alto, e te espantares no caminho, e te embranqueceres, como floresce a amendoeira, e o gafanhoto te for um peso, e te perecer o apetite; porque vais à casa eterna, e os pranteadores andem rodeando pela praça; antes que se rompa o fio de prata, e se despedace o copo de ouro, e se quebre o cântaro junto à fonte, e se desfaça a roda junto ao poço, e o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu (Ec 12.1-7). Hoje você só ouve as pessoas falarem que devem aproveitar a vida ao máximo porque ela é curta e passa rapidamente. Mas quanto a Deus, quando pensam sobre Ele, acham que devem deixar para pensar nele na velhice. Dois erros graves são cometidos por quem pensa assim. O primeiro em oferecer ao seu Criador os restos de sua vida e o segundo de que não há nenhuma garantia de que se chegará à velhice.
Pensei em um ponto muito cruel da vida: De você ainda estar vivo, mas totalmente limitado em muitas vontades e ações. Não é fácil lidar psicologicamente com esta situação. Pense em como deve ser deprimente para um atleta não mais poder competir, em um soldado não mais poder lutar, em um policial não poder mais fazer a sua ronda, em um piloto não mais poder voar, em um professor não mais poder ensinar, em um pastor não mais poder pregar, em um trabalhador não mais poder trabalhar. E tudo isso porque o esplendor da vida se foi, mas ela ainda não terminou, ainda não é o fim. É necessária uma adaptação para seguir em frente, com novos rumos, novas metas e um novo estilo de vida. E quando você consegue se adaptar a este novo estilo de vida poderá perceber um brilho intenso que ainda resta em seu viver. Perceberá grandes mudanças em seu modo de pensar, tremendas transformações em suas prioridades e suas atitudes refletirão o amadurecimento pelo qual passou na vida. Deus, na imensidão de sua sabedoria, nos disciplinou com a perda do esplendor da vida, mas nos agraciou nos dando, nesta fase da vida, mais sabedoria, mais compreensão, mais juízo.
Completei minha reflexão pensando em um ponto muito importante, que apesar de parecer que estamos caminhando para o fim da vida, na verdade não o estamos, porque estamos caminhando rumo a eternidade. Quando você se lembra do seu Criador na tua mocidade, vive com Ele em tua velhice, este Deus amoroso vai permitir que você viva em seu paraíso por toda a eternidade. Salomão fala da falência do corpo, mas Paulo fala da glorificação do corpo quando diz: Eis que vos digo um mistério: nem todos dormiremos, mas transformados seremos todos, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao ressoar da última trombeta. A trombeta soará, os mortos ressuscitarão incorruptíveis, e nós seremos transformados. Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade. E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória (1 Co 15.51-54). Portanto, meu amigo, se Jesus Cristo já te salvou não se entristeça por estar envelhecendo porque você não está caminhando para o fim de sua vida, mas sim caminhando rumo à eternidade. Pense nisso com muita seriedade!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com