domingo, 30 de abril de 2017

NÃO HAVERÁ LEMBRANÇAS

1  Vi novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar já não existe (Ap 21.1).
Constantemente vou ao cemitério. Muito me comoveu um dia ver uma mulher sentada em cima de um túmulo cabisbaixa e choramingando. Não sei quem estava naquele tumulo, se era mãe, pai, irmã(o), filha(o) ou marido, mas pude sentir que a dor da saudade era imensa. Fiquei ali, olhando para os túmulos e imaginando a dor e o choro que cada um causou. Fiquei imaginando em quantas angústias e quantas dores às quais estamos sujeitos. Visitei o túmulo de José Luiz, onde constantemente vejo seu pai lamentando pela morte tão prematura e violenta do filho. Visitei o túmulo de meu cunhado Gilson se lembrando das muitas lágrimas que a sua partida gerou. Fui até o túmulo do meu pai em que está escrito o verso de Jo 5.38: ...vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão. Nestas palavras encontrei consolo. E como a esperança da ressurreição é confortante!
Naquele momento me veio à memória um dos textos que mais admiro na Bíblia, que diz: Pois eis que eu (Deus) crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas (Is 65.17). Deus está dizendo em Isaias que, na eternidade, não nos lembraremos das coisas que vemos e vivemos aqui. Se não fosse Deus quem estivesse falando isso eu não acreditaria e nem alimentaria nenhuma esperança, mas quem está falando é aquele que criou a tudo o que vemos hoje. Ele está dizendo que vai criar tudo novamente, mas agora de uma forma diferente, muito mais esplendoroso do que é hoje, de forma que o seu fulgor ofuscará as nossas lembranças. Este esquecer que Deus está falando aqui é o mesmo esquecer os nossos pecados de que a Bíblia fala que acontece com Deus com referência aos nossos pecados quando nos arrependemos. Isso não é nada fácil para a compreensão humana, pois quando lemos que Deus perdoa os nossos pecados e os lança nas profundezas do abismo, e deles não se lembra mais, ficamos perplexos, porque não conseguimos fazer o mesmo. Quando alguém nos ofende até perdoamos, mas esquecer é outra história! Quando o vemos cumprimentamos e sorrimos com aquele sorriso sem graça porque houve o perdão, mas não o esquecimento.
Permaneci naquele lugar olhando para aqueles túmulos, imaginando em como esquecer tantas angústias, tantos choros e tantos sofrimentos? O que Deus quer nos falar com esta palavra? Ele está nos dizendo que o esplendor e a maravilha da eternidade será tamanha que nos fará esquecer completamente das aflições deste mundo. Isso significa que não haverá lembrança dos horrores das guerras, não haverá lembrança dos genocídios, não haverá lembrança das chacinas, não haverá lembrança dos ditadores sanguinários, não haverá lembrança das perseguições sofridas, não haverá lembrança das tragédias naturais ocorridas neste mundo e que ceifaram a vida de milhares de pessoas, não haverá lembrança da morte, não haverá lembrança do luto e do funeral, não haverá lembrança das doenças, não haverá lembrança dos hospitais, não haverá lembrança das angústias, das tribulações, dos traumas, dos medos, nem de qualquer sofrimento que tenhamos passado e nem das lágrimas que vertemos, porque Deus as enxugará dos nossos olhos definitivamente.
Não é maravilhosa a esperança da eternidade? E como viver feliz na eternidade com as lembranças de todos os horrores que passamos por aqui? Como descansar em meio a pesadelos que poderiam nos seguir? Como ter paz em meio aos traumas que poderiam nos acompanhar? Viveremos felizes na eternidade porque Deus limpará de nossa memória as lembranças passadas, os pesadelos que passamos por aqui, os traumas que adquirimos aqui. Mas quem serão estes privilegiados que terão a oportunidade de esquecer-se dos seus horrores? Lógico que são aqueles que, enquanto viviam neste mundo, se converteram a Jesus Cristo e foram por Ele justificados, ou seja, ganharam o direito de residirem no céu, pois Jesus Cristo proveu para eles um lugar, uma morada no Reino de Deus.

Contudo, na eternidade haverá dois destinos. Um é o Céu, onde viveremos o gozo das promessas de Deus, o outro se chama inferno e ele é tão real como o Céu, independente se você acredita ou não em sua existência, e no inferno a memória não se apagará. Jesus frisou isso várias vezes quando disse: E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo inextinguível onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. E, se teu pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo os dois pés, seres lançado no inferno onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. E, se um dos teus olhos te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos teus olhos do que, tendo os dois seres lançado no inferno, onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga (Mc 9.43-48). No inferno haverá a eterna lamentação de não ter aceitado a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador, o arrependimento de ter confiado a sua alma a ídolos e dado ouvidos às vãs filosofias que permeiam por este mundo, o arrependimento de ter caminhado com a maioria no caminho da perdição, o arrependimento de ter zombado e desprezado os preceitos de Deus e daqueles que eram seus mensageiros, o sentimento de pesar por ter ouvido tanta pregação, de ter lido um texto na internet e não ter refletido com seriedade sobre o assunto. Que Deus te abençoe a não cometer hoje este erro. Amém!
Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

sábado, 29 de abril de 2017

BOM É ESTARMOS AQUI

1  Seis dias depois, tomou Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João e os levou, em particular, a um alto monte.
2  E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz.
3  E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.
4  Então, disse Pedro a Jesus: Senhor, bom é estarmos aqui; se queres, farei aqui três tendas; uma será tua, outra para Moisés, outra para Elias.
5  Falava ele ainda, quando uma nuvem luminosa os envolveu; e eis, vindo da nuvem, uma voz que dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo; a ele ouvi (Mt 17.1-5).
Existe um ambiente mais agradável do que a igreja? Muitos estranham o fato de irmãos praticamente viverem na igreja e não conseguem conceber em suas mentes o que leva tais pessoas a isso; não conseguem discernir outra coisa a não ser fanatismo. Eles não conseguem entender os laços de amizade que unem os irmãos, não conseguem entender o terno afeto existente entre os irmãos, não conseguem vislumbrar a alegria e o prazer que sentem quando estão juntos. A verdade é que não sabem o que é estar em uma roda de irmãos com um violão tocando e cantando cânticos. Existe outro fato ligado a isso, que é o prazer e a satisfação de servir a Deus. Quando estamos na igreja temos a oportunidade de servirmos uns aos outros e de, neste sentido, seguirmos os mesmos passos de Jesus Cristo.
Já vivi estes momentos e sei o quanto são importantes na construção da nossa fé, de forma que aqueles que não conseguem se harmonizar na igreja com os irmãos, construir um círculo de amizade ali, geralmente são fracos na fé e inconstantes na igreja. Mas há uma armadilha construída com muita sutileza aí. A vivência entre os irmãos é tão maravilhosa que existe o perigo de negligenciarmos as demais, de deixarmos em segundo plano a família, de deixarmos de viver em afeição com esposa ou marido, de faltarmos com atenção aos filhos, de nos afastarmos de nossos familiares, das reuniões de família, das festas, dos almoços e até mesmo dos passeios juntos.
Outra coisa que a vivência entre os irmãos pode ofuscar é a nossa missão, a missão que temos como filhos de Deus, como pessoas transformadas e regeneradas por Cristo, e acredite: esta missão não é desenvolvida dentro da igreja, mas fora de seus portais. Lá fora existem amigos machucados pelo pecado e somente aqueles que foram libertos dos pecados sabe como agir para tratar e cicatrizar estas feridas. Lá fora existem familiares carentes de atenção, talvez até mesmo passando necessidades ou passando por lutas imensas como enfermidades, separação, ou até mesmo com envolvimento de filhos com as drogas, e podemos estar inertes a tudo isso nos regozijando com os irmãos na igreja. Muitos se dedicam tanto a igreja e se consagram tanto a ela que se considerem realizados na mordomia cristã, mas ignoram que o mais importante está lá fora, onde Jesus realmente precisa de nossos serviços, pois é lá que estão aqueles que caminham a passos largos para a perdição.
Às vezes, achamos que evangelizar é somente abrir a Bíblia e pregar o Evangelho. Jesus Cristo é a luz do mundo e os filhos de Deus devem ser reflexos desta luz no mundo, de forma que a maior oportunidade que temos de brilhar é entre nossos familiares e nossos amigos, pois eles podem perceber com mais clareza os resultados da presença de Jesus em nossa vida. Ao verem em nós, com constância, o brilho de Jesus, acredite, um dia serão tocados pelo Espírito e a sua convivência com eles fará diferença de forma que pode conduzi-los aos pés de Cristo, e isso pode acontecer sem você pregar uma única palavra, apenas dividindo um pouco de seu tempo com eles.
Há um texto que exemplifica muito bem a isso. Um dia Jesus levou a Pedro e aos irmãos Tiago e João para um monte e lá Jesus foi transfigurado e apareceram ali Moisés e Elias, dois grandes servos de Deus na história de Israel. O prazer de estarem ali foi tão imenso que Pedro falou para Jesus: Senhor é tão bom estarmos aqui, vamos construir tendas e ficar aqui para sempre. Esta é a vontade que sentimos quando estamos na igreja, pois ali encontramos paz e vivemos aquilo que nosso coração tanto aspira. Mas ainda não atracamos no porto seguro que é o céu e enquanto isso não acontece o nosso lugar é lá no meio do joio, e não devemos temer isso, porque quando houver a colheita Jesus saberá distinguir perfeitamente o trigo do joio, de forma que não deixará esquecido nenhum de seus filhos para trás. Que Deus te abençoe a refletir sobre estas palavras!
Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com