1 Vi
novo céu e nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra passaram, e o mar
já não existe (Ap 21.1).
Constantemente vou ao
cemitério. Muito me comoveu um dia ver uma mulher sentada em cima de um túmulo
cabisbaixa e choramingando. Não sei quem estava naquele tumulo, se era mãe,
pai, irmã(o), filha(o) ou marido, mas pude sentir que a dor da saudade era
imensa. Fiquei ali, olhando para os túmulos e imaginando a dor e o choro que
cada um causou. Fiquei imaginando em quantas angústias e quantas dores às quais
estamos sujeitos. Visitei o túmulo de José Luiz, onde constantemente vejo seu
pai lamentando pela morte tão prematura e violenta do filho. Visitei o túmulo
de meu cunhado Gilson se lembrando das muitas lágrimas que a sua partida gerou.
Fui até o túmulo do meu pai em que está escrito o verso de Jo 5.38: ...vem a hora em que todos os que se acham nos
túmulos ouvirão a sua voz e sairão. Nestas palavras encontrei consolo. E
como a esperança da ressurreição é confortante!
Naquele momento me veio à
memória um dos textos que mais admiro na Bíblia, que diz: Pois eis que eu (Deus) crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas,
jamais haverá memória delas (Is 65.17). Deus está dizendo em Isaias
que, na eternidade, não nos lembraremos das coisas que vemos e vivemos aqui. Se
não fosse Deus quem estivesse falando isso eu não acreditaria e nem alimentaria
nenhuma esperança, mas quem está falando é aquele que criou a tudo o que vemos
hoje. Ele está dizendo que vai criar tudo novamente, mas agora de uma forma
diferente, muito mais esplendoroso do que é hoje, de forma que o seu fulgor
ofuscará as nossas lembranças. Este esquecer que Deus está falando aqui é o
mesmo esquecer os nossos pecados de que a Bíblia fala que acontece com Deus com
referência aos nossos pecados quando nos arrependemos. Isso não é nada fácil
para a compreensão humana, pois quando lemos que Deus perdoa os nossos pecados
e os lança nas profundezas do abismo, e deles não se lembra mais, ficamos
perplexos, porque não conseguimos fazer o mesmo. Quando alguém nos ofende até
perdoamos, mas esquecer é outra história! Quando o vemos cumprimentamos e
sorrimos com aquele sorriso sem graça porque houve o perdão, mas não o
esquecimento.
Permaneci naquele lugar olhando
para aqueles túmulos, imaginando em como esquecer tantas angústias, tantos
choros e tantos sofrimentos? O que Deus quer nos falar com esta palavra? Ele
está nos dizendo que o esplendor e a maravilha da eternidade será tamanha que
nos fará esquecer completamente das aflições deste mundo. Isso significa que
não haverá lembrança dos horrores das guerras, não haverá lembrança dos
genocídios, não haverá lembrança das chacinas, não haverá lembrança dos
ditadores sanguinários, não haverá lembrança das perseguições sofridas, não
haverá lembrança das tragédias naturais ocorridas neste mundo e que ceifaram a
vida de milhares de pessoas, não haverá lembrança da morte, não haverá
lembrança do luto e do funeral, não haverá lembrança das doenças, não haverá
lembrança dos hospitais, não haverá lembrança das angústias, das tribulações,
dos traumas, dos medos, nem de qualquer sofrimento que tenhamos passado e nem
das lágrimas que vertemos, porque Deus as enxugará dos nossos olhos
definitivamente.
Não é maravilhosa a esperança
da eternidade? E como viver feliz na eternidade com as lembranças de todos os
horrores que passamos por aqui? Como descansar em meio a pesadelos que poderiam
nos seguir? Como ter paz em meio aos traumas que poderiam nos acompanhar?
Viveremos felizes na eternidade porque Deus limpará de nossa memória as
lembranças passadas, os pesadelos que passamos por aqui, os traumas que
adquirimos aqui. Mas quem serão estes privilegiados que terão a oportunidade de
esquecer-se dos seus horrores? Lógico que são aqueles que, enquanto viviam
neste mundo, se converteram a Jesus Cristo e foram por Ele justificados, ou
seja, ganharam o direito de residirem no céu, pois Jesus Cristo proveu para
eles um lugar, uma morada no Reino de Deus.
Contudo, na eternidade haverá
dois destinos. Um é o Céu, onde viveremos o gozo das promessas de Deus, o outro
se chama inferno e ele é tão real como o Céu, independente se você acredita ou
não em sua existência, e no inferno a
memória não se apagará. Jesus frisou isso várias vezes quando disse: E, se tua mão te faz tropeçar, corta-a; pois
é melhor entrares maneta na vida do que, tendo as duas mãos, ires para o inferno, para o fogo
inextinguível onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. E, se teu
pé te faz tropeçar, corta-o; é melhor entrares na vida aleijado do que, tendo
os dois pés, seres lançado no inferno
onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga. E, se um dos teus olhos
te faz tropeçar, arranca-o; é melhor entrares no reino de Deus com um só dos
teus olhos do que, tendo os dois seres
lançado no inferno, onde não lhes morre o verme, nem o fogo se apaga
(Mc 9.43-48). No inferno haverá a eterna lamentação
de não ter aceitado a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador, o
arrependimento de ter confiado a sua alma a ídolos e dado ouvidos às vãs
filosofias que permeiam por este mundo, o arrependimento de ter caminhado com a
maioria no caminho da perdição, o arrependimento de ter zombado e desprezado os
preceitos de Deus e daqueles que eram seus mensageiros, o sentimento de pesar
por ter ouvido tanta pregação, de ter lido um texto na internet e não ter
refletido com seriedade sobre o assunto. Que Deus te abençoe a não cometer hoje
este erro. Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com