quarta-feira, 23 de março de 2022

SOMOS FRUTOS DE SEMENTES GERMINADAS NO SANGUE

Já parou para pensar o quanto nossa geração contemporânea é fraca e frágil? Geração esta composta de pessoas completamente egoístas e extremamente rebeldes. São pessoas magoadas porque não recebem a atenção que desejam; pessoas revoltadas porque não tem o padrão de vida que satisfaça seus caprichos; pessoas machucadas porque em algum momento foram contrariadas. O egoísmo e a rebeldia são tão intensos que chegam a alcançar o relacionamento com Deus. Muitos não seguem ao Senhor por não concordarem com seu agir, por achar que Deus é imperfeito, errado e injusto em seu governo, pois não conseguem conciliar o amor de Deus com as tragédias deste mundo e de suas vidas. Encontramos isso também no meio da Igreja, onde pessoas se encontram magoadas e revoltadas com Deus por não obterem as respostas de suas orações adequadas aos seus anseios. Com isso podemos questionar: Qual legado esta geração estará deixando para a humanidade?

Voltando nossa atenção para a geração da Igreja Primitiva, o que seria de nós hoje sem o legado que eles deixaram? O que teria acontecido com o Evangelho se eles não tivessem sido fortes e corajosos? O que teriam deixado para as gerações futuras se tivessem sido pessoas sensíveis? Se tivessem permitido que as mágoas e os traumas tirassem deles a razão de viver? E o que aconteceu na vida destas pessoas tão preciosas? Eles viram surgir Jesus Cristo, um homem diferente, com mensagens maravilhosas e consoladoras, com mãos poderosas que realizavam milagres, mas que de repente caiu nas mãos das autoridades e fora morto. Isso era motivo mais do que suficiente para ignorarem e se esquecerem de tudo que este homem havia dito e feito. Mas de repente, sem nenhuma explicação plausível, algumas pessoas creem neste homem que ressuscitou e começam a testemunhar a transformação que Jesus realizou em suas vidas.

Já parou para pensar nas expectativas destas pessoas? Sentiram-se tão maravilhados com o milagre que aconteceu em suas vidas que não conseguiam se calar e falavam para outras pessoas na esperança delas ouvirem e acontecer com elas o mesmo milagre que lhes acontecera. Mas o que aconteceu? Não foram somente rejeitados pela sociedade, foram também perseguidos e maltratados. Eram jogados nas arenas para serem devorados pelas feras, eles eram decapitados, queimados vivos em fogueiras, crucificados; os mais privilegiados eram açoitados em praças públicas, presos e esquecidos nas masmorras romanas. Estas pessoas opinaram não ser covardes, mas corajosos. Resolveram não viver magoados, traumatizados, mas honrados pela oportunidade de terem sido injustiçados como fora Jesus Cristo, seu Mestre e Senhor que lhes disse: Bem-aventurados os perseguidos por causa da justiça, porque deles é o reino dos céus. Bem-aventurados sois quando, por minha causa, vos injuriarem, e vos perseguirem, e, mentindo, disserem todo mal contra vós (Mt 5.10,11).

Quando consideramos o legado da Igreja primitiva temos a oportunidade de vislumbrar irmãos preciosos que eram fervorosos na comunhão, mas não tem como não imaginá-los na arena sendo devorados pelas feras, encharcando a terra com seus sangues, servindo de espetáculo para um público ávido por sangue. Contudo, deixavam seus expectadores atônitos, pois seus rostos não expressavam desespero e nem revolta, antes, expressavam alegria e louvor, sentindo-se honrados por serem injustiçados como o fora seu Senhor. Partiam deste mundo de forma cruel e injusta, mas com expressão de louvor, pois tinham a convicção das promessas que Jesus lhes fizera, da imortalidade de suas almas e do destino para onde elas estavam indo: O Reino de Deus. Eles sabiam que suas mortes não eram prejuízo para Deus que diz: Preciosa é aos olhos do Senhor a morte dos seus santos (Sl 116.15).

Assim foi semeado o Evangelho e dessa forma chegou até nós. Portanto, somos frutos de sementes semeadas no sangue daqueles que não hesitaram em morrer para manter a expansão do Evangelho. Irmãos que tiveram coragem de enfrentar as prisões, os açoites, as arenas e até mesmo a própria morte em nome da fé. Nenhum deles pensou em ser covarde, nenhum deles partiu revoltado com Deus, nem um deles partiu lamuriando, porque morriam por amor àquele que lhes amou primeiro. Eram firmes nas promessas de Jesus Cristo de que, quem fosse fiel até à morte, teria a coroa da vida. Ainda hoje, na Igreja Perseguida, os que abraçam a fé enfrentam prisões e até mesmo a própria morte por isso. Suas famílias não têm acesso à educação e a saúde, não têm oportunidades de empregos e perdem os direitos sobre seus bens. Contudo, nem por isso negam a fé e nem seguem ao Senhor com melancolia, antes, seguem ao Senhor com ousadia e coragem. Não despreze a fé e o Evangelho que chegou até nós através de irmãos sangrando. Não seja covarde e nem fraco diante das adversidades. Que Deus assim te abençoe! Amém!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

 

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