1 Eu
sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor.
2 Todo
ramo que, estando em mim, não der fruto, ele o corta; e todo o que dá fruto
limpa, para que produza mais fruto ainda.
3 Vós
já estais limpos pela palavra que vos tenho falado;
4 permanecei em mim, e eu permanecerei em vós.
Como não pode o ramo produzir fruto de si mesmo, se não permanecer na videira,
assim, nem vós o podeis dar, se não permanecerdes em mim.
5 Eu
sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele, esse dá muito
fruto; porque sem mim nada podeis fazer.
6 Se
alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e
secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam.
7 Se
permanecerdes em mim, e as minhas palavras permanecerem em vós, pedireis o que
quiserdes, e vos será feito.
8 Nisto é glorificado meu Pai, em que deis muito
fruto; e assim vos tornareis meus discípulos (Jo 15.1-8).
Jesus
disse: Permanecei em mim e Eu
permanecerei em vós (Jo 15.4). Mas a permanência é o que existe de mais
difícil para o ser humano. A capacidade de perseverar, de não desistir face às
dificuldades, não é uma tarefa fácil. É muito bom começar qualquer coisa porque
no começo sempre há entusiasmo, disposição, ânimo e muito vigor, mas terminar,
ir até ao fim é outra história! Este vigor iniciante pode ser visto, por
exemplo, nos casais que vivem felizes nos primeiros anos de matrimônio, mas aos
poucos o relacionamento de muitos vai se desgastando. Também pode ser visto na
chegada de novos pastores nas igrejas, tanto o empenho do pastor como a
recepção da igreja são marcados por euforia, mas o tempo vai deteriorando este
relacionamento e em muitos casos a harmonia vai dando lugar a conflitos e a
ofensas. Em nada é diferente na vida cristã! Os novos cristãos,
entusiasticamente, não perdem nenhum trabalho da igreja e até testemunham
euforicamente de sua fé. Mas, Infelizmente, os que permanecem até ao fim com o
mesmo vigor são poucos. Essa é uma questão muito perigosa e se não for tratada
com seriedade pode terminar tragicamente. O casal pode culminar em separação, o
pastor pode ter que sair para pastorear outra igreja e o cristão pode naufragar
na fé e abandonar a Cristo.
Jesus
enfatiza a necessidade de permanecer nele quando diz: Eu sou a videira, vós, os ramos. Quem permanece em mim, e eu, nele,
esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer (Jo 15.5). Jesus
lança mão da figura da videira para ressaltar a necessidade de uma união íntima
entre Ele e os seus discípulos e a obrigação de permanecer nele. Como o ramo
desligado da videira é incapaz de sobreviver e produzir uvas, da mesma maneira
uma pessoa que se diz cristão, porém não permanece ligado a Cristo, não poderá
continuar espiritualmente vivo e produzir frutos espirituais. E as
consequências de não permanecer em Cristo vão além do desânimo
e da desmotivação, pois Jesus disse que: Se
alguém não permanecer em mim, será lançado fora, à semelhança do ramo, e
secará; e o apanham, lançam no fogo e o queimam (Jo 15.6). É o que acontece
com o ramo da videira quando é cortado.
Muitas
são as causas de desânimo e desistência da fé. Podemos dizer, com certeza, que
as decepções em relação às dificuldades são a causa principal do abandono e da
decepção de muitos cristãos. As tribulações têm o poder de nos deixar ansiosos
e aflitos. Quando as adversidades externas parecem ser maiores do que nosso
poder de suportá-las, faltam-nos alças onde se possa segurar, faltam muros para
apoio e nos sentimos desprotegidos. Embora seja difícil evitar que as tribulações
venham para tentar derrotar a nossa fé, devemos lutar contra elas e zelar pela
nossa união com Cristo. Na luta contra as tribulações não estamos sozinhos!
Jesus quer nos ajudar! Alguém poderia tirar uma conclusão errônea da ilustração
da videira, pensando que Jesus não tem amor pelos seus por cortar aqueles que
não mantiverem uma união perfeita com Ele. Entretanto, a ideia de querer
excluir um dos seus filhos da videira nem se passa pela cabeça de nosso Pastor,
porque Ele purifica, Ele disciplina, mas jamais abandona um filho seu! Na
verdade, aqueles que o abandona e nele não permanece nunca foram
verdadeiramente seus discípulos, porque quem um dia prova a paz de Cristo
jamais abandona ao seu Mestre. A permanência em Cristo é, na verdade, como a
seleção natural existente na vida animal, somente o mais forte consegue, a
diferença é que, na vida animal, há lugar para apenas um vencedor, enquanto que
na vida cristã há lugar para todos, basta ser forte!
Outro
fator que contribui para a não permanência em Cristo é a doutrina. Paulo nos
adverte: Cuidado que ninguém vos
venha a enredar com sua filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos
homens, conforme os rudimentos do mundo e não segundo Cristo (Cl 2.8). Cuidado!
Esta exortação é muito atual! Por que há necessidade de cuidado? Como Paulo
apresenta um alerta a ser observado, isto demonstra que há riscos de um cristão
tornar-se presa de outrem. Paulo aponta dois tipos de argumentação que poderão
levar os cristãos a serem presas se não tiverem o devido cuidado: Filosofia e
vãs sutilezas. Para o apóstolo, a filosofia é segundo a tradição dos homens, ou
segundo os princípios pertinentes ao mundo. Tais princípios poderiam ser
introduzidos sutilmente no seio da igreja, comprometendo a fé de seus
integrantes. Vemos este perigo, por exemplo, quando falsos cristãos tentam
conciliar filosofia oriental com o Evangelho de Cristo. Não há mal naquilo que
a tradição humana produz, no entanto, se o homem pensa que conhecerá a Deus ou
que poderá alcançar a salvação por meio dela, ai sim, estará completamente
enganado em sua mente carnal.
O
céu é um lugar de vencedores que se feriram nos obstáculos das paredes do
caminho de tão estreito que era, mas que não desistiram por causa de seus
ferimentos e prosseguiram, mesmo sangrando. Portanto, para cruzar a linha de
chegada do céu é preciso permanecer, ir até ao fim, não desistir no meio do
caminho, acabar e não apenas começar. É preciso fazer e dizer como o apóstolo
Paulo: Combati o bom combate,
completei a carreira, guardei a fé (2 Tm 4.7). Permaneça em Cristo! Não
desanime! Não se abate! Não se acovarde! Não seja sufocado pelos espinhos do caminho!
Não deixe Satanás tirar sua fé! Aprofunde as suas raízes em meio as
dificuldades e tende bom ânimo! Não permita que nada e nem ninguém interfira na
sua fé, antes, regue todos os dias essa semente para que ela não morra. Não
seja um desclassificado, mas seja um vencedor, aprovado, convicto, firme e
inabalável. Seja assim e nos encontraremos no céu e lá desfrutaremos a eternidade!
Que Deus assim te abençoe! Amém!
Luiz
Lobianco
luizlobianco@hotmail.com