domingo, 3 de dezembro de 2017

A COMPLEXA TAREFA DE VIVER

20  Por que se concede luz ao miserável e vida aos amargurados de ânimo,
21  que esperam a morte, e ela não vem? Eles cavam em procura dela mais do que tesouros ocultos.
22  Eles se regozijariam por um túmulo e exultariam se achassem a sepultura.
23  Por que se concede luz ao homem, cujo caminho é oculto, e a quem Deus cercou de todos os lados?
24  Por que em vez do meu pão me vêm gemidos, e os meus lamentos se derramam como água?
25  Aquilo que temo me sobrevém, e o que receio me acontece.
26  Não tenho descanso, nem sossego, nem repouso, e já me vem grande perturbação (Jó 3.20).
Todos querem viver. Quando você vê um doente em fase terminal pode notar a luta da maioria deles para continuar vivo. Todos querem viver e querem viver felizes, mas a vida nem sempre é um mar de rosas e parece que no mar da vida há mais espinhos do que rosas, de forma que isso torna a tarefa de viver muito inusitada. Salomão, um dos homens mais sábios que viveu neste mundo escreveu muito sobre a vida. Ao olhar para a vida ele disse: Vi ainda todas as opressões que se fazem debaixo do sol: vi as lágrimas dos que foram oprimidos, sem que ninguém os consolasse; vi a violência na mão dos opressores, sem que ninguém consolasse os oprimidos (Ec 4.1). Essa visão da vida levou Salomão à seguinte conclusão: Pelo que tenho por mais felizes os que já morreram, mais do que os que ainda vivem (Ec 4.2). E ele achou tão árdua a tarefa de viver que chega a dizer: Porém mais que uns e outros tenho por feliz aquele que ainda não nasceu e não viu as más obras que se fazem debaixo do sol (Ec 4.3). Não é nada fácil viver! Quando tudo está bem na vida, quando você está saudável, quando tudo vai dando certo e discorrendo de forma agradável, viver é um êxtase, mas quando acontece uma reviravolta em sua vida e as nuvens tornam-se escuras e pairam sobre você como uma tempestade, o êxtase pode se tornar amargo como um fel e a alegria pode dar lugar à tristeza e murmúrios.
A vida não é como uma tecla de liga e desliga, de forma que, independente de como esteja a situação, a única opção que temos é continuar a viver, pois assim como não optamos em nascer da mesma forma não nos cabe optar em deixar de viver, estando isso delegado àquele que nos deu a vida. Quando contraímos uma doença grave, incurável, mesmo em fase terminal, por mais perto que ela esteja não sabemos o dia e a hora em que procederá nossa partida deste mundo, de forma que, com dor ou sem dor, saudável ou doente, andando ou de cama e até mesmo em uma cadeira de rodas temos que continuar a viver até que chegue o dia de partir. Quando, em uma tragédia, perdemos nossos familiares e, quem sabe, sejamos o único sobrevivente, não podemos optar em ir com eles também, de forma que tudo que nos resta é permanecermos aqui, mesmo que sozinho, mesmo que chorando, mesmo com um aperto tremendo no coração, mesmo que com saudades. Também quando, em um acidente ou proveniente de alguma doença perdemos a maioria de nossos sentidos e movimentos, mesmo que apenas nossa cabeça se movimente e sinta alguma coisa temos que continuar a viver, pois não nos cabe a tarefa de desistir da vida, mesmo quando esta não tem mais nenhum sentido para nós. Jó, em sua angústia disse: Por que se concede luz ao miserável e vida aos amargurados de ânimo, que esperam a morte, e ela não vem? Eles cavam em procura dela mais do que tesouros ocultos. Eles se regozijariam por um túmulo e exultariam se achassem a sepultura (Jó 3.20-22). Ele estava sofrendo, mas não podia fazer nada para encerrar sua angústia. Entendeu a complexidade da vida? Somos marionetes amarradas à vida e ela dita as regras e nos movimenta segundo o sublime querer de Deus, nosso Criador.
Jesus também falou muito sobre a vida e como Ele é aquele que veio curar a enfermidade espiritual da nossa vida, Ele sempre apresenta a causa juntamente com a solução. Um dia Ele disse: No mundo, passais por aflições; mas tende bom ânimo; eu venci o mundo (Jo 16.33). Ele nos deixa seu exemplo de vitória, de que, por mais difícil que esteja é necessário seguir em frente e ir até ao fim. Jesus podia ter desistido da cruz em qualquer momento da vida, desde o Getsêmani até ao momento em que a colocaram sobre seus ombros para carregá-la, mas Ele não desistiu e mesmo sofrendo a mais cruel humilhação e dor foi até ao fim. Assim como nós que um dia podemos desistir e por fim à nossa vida, Jesus também podia ter desistido e ouvido aquelas pessoas que o desafiaram a descer da cruz para que pudessem crer nele, mas Ele não desceu porque nasceu para um objetivo e independente de como as coisas se tornariam Ele não desistiria, pois Ele disse: Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10.10). Ele sabia da nossa difícil tarefa de viver e quer tornar esta nossa dura vida mais amena, para isso Jesus nos oferece um ingrediente indispensável: Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou; não vo-la dou como a dá o mundo. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize (Jo 14.27). Agora, em meio às amarguras da vida há esperança de uma vida melhor, uma vida mais feliz, com mais consolo, com mais apoio, com mais presença de um verdadeiro amigo.
Há momentos em que estamos vivos, mas estamos como que mortos por dentro. Às vezes, você encontra alguém na rua, cumprimenta, recebe sorrisos e abraços, mas na verdade aquela pessoa está tremendamente amargurada. Quantas vezes não estamos quietos, calmos, tranquilos, enquanto que acontece uma verdadeira guerra dentro de nós, pois lá no íntimo estamos em conflito, ou decepcionados, ou revoltados, ou amargurados e, algumas vezes, nem mesmo sabemos a razão de nossa tristeza. Quando isso acontece seguir sozinho é suicídio ou pelo menos sofrer ainda mais. Nesta hora precisamos de um ombro amigo. Salomão disse: Como o óleo e o perfume alegram o coração, assim, o amigo encontra doçura no conselho cordial (Pv 27.9). Amigo, não torne a vida ainda mais difícil de ser vivida. Caso você esteja chorando por dentro não sofra sozinho, deixe o orgulho de lado e peça ajuda. Procure um ombro para inclinar a cabeça e chorar um pouquinho, mas não qualquer ombro, para isso tem que ser um ombro amigo. Caso você não encontre nenhum amigo, saiba que Jesus é o nosso verdadeiro amigo. Não é qualquer um que vai lhe dizer: Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei (Mt 11.28). É nos momentos mais difíceis da vida, quando quase todos te deixam à mercê da vida, que Jesus lhe oferece apoio. Nisso conhecemos o verdadeiro amigo. Que Deus te abençoe a encontrar a vida plena que Ele veio nos oferecer! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com


Nenhum comentário:

Postar um comentário