Estamos
falando de como somos vasos nas mãos de Deus, nos baseando no episódio em que o
profeta Jeremias vai até a casa de um oleiro e observa ele fazer um vaso de
barro. Vimos do valor da obediência para ouvirmos a voz de Deus e de como somos
moldados em suas mãos em nosso viver, que conforme o seu querer e o seu agir em
nossas vidas vai aperfeiçoando nosso caráter. Também vimos que ainda somos uma
obra inacabada nas mãos de Deus, pois o Senhor transforma nossa vida até ao
nosso último suspiro. Hoje vamos falar da fragilidade do vaso, da forma como somos
frágeis e podemos nos quebrar nas mãos do oleiro. O texto de Jeremias diz: Como o vaso que o
oleiro fazia de barro se lhe estragou na
mão... (Je 18.4). O texto não
informa o que causou a quebra do vaso, simplesmente diz que ele se quebrou nas
mãos do oleiro. Não se sabe como, mas o vaso em construção quebrou-se!
Felizmente, o vaso quebrou-se nas mãos daquele que sabe refazer o que está
quebrado, porque o oleiro toma aquele mesmo barro e torna a fazer outro vaso,
agora perfeito! Isso nos ensina uma lição muito preciosa: A vida pode nos
quebrar, mas quando nos quebramos nas mãos de Deus, Ele pode refazer tudo
novamente.
Apesar
do ser humano se sentir forte e poderoso pelo fato de ter sido criado de forma
privilegiada ante aos demais seres vivos, por ser ele um animal racional, a sua
fragilidade é notória diante das dificuldades da vida. Nos momentos de
tribulações a sua fortaleza cai por terra e tudo aquilo que parecia tão sólido
resume-se a cinzas. Nestes momentos ele percebe a sua pequenez, a sua
incapacidade, a sua incompetência diante das mazelas da vida. Na verdade o homem
é um ser completamente insignificante comparado à grandeza de Deus. O salmista
confirma isso quando diz: Fizeste-o, no entanto, por um pouco, menor
do que Deus e de glória e de
honra o coroaste. Deste-lhe domínio
sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste: ovelhas e bois,
todos, e também os animais do campo; as aves do céu, e os peixes do mar, e tudo
o que percorre as sendas dos mares (Sl 8.5-8). E por causa de sua insignificância a
soberba humana é descrita na Bíblia como algo meramente vã, em que as atitudes
orgulhosas do ser humano são comparadas a correr atrás do vento. Portanto, para
a sua realização, é extremamente necessário que o homem esteja consciente de
que não consegue ultrapassar os seus limites, não consegue ir além daquilo que Deus
lhe estabeleceu.
No decorrer da vida passamos por muitos momentos difíceis, em que
nos sentimos quebrados, estraçalhados, acabados. Momentos em que as nuvens, que
antes nos faziam sombras e nos protegiam do calor do deserto, agora se
transformam em densas tempestades. Momentos que, de tão repentino que chegam,
nos faz pensar que passamos do epílogo ao capítulo final de nossa vida. Pode
ser o desemprego que afetou a instabilidade da família, uma crise financeira
que se estabelece e coloca a todos em pé de guerra, a separação conjugal que sempre
causa grandes transtornos, o rompimento de um relacionamento que parecia
instável, uma depressão profunda que se abate de repente, a perda de um ente
querido que causa tanta tristeza e pesar, uma enfermidade que surge e muda a
rotina, uma tragédia repentina, um mergulho no deserto emocional por razão
conhecida ou desconhecida. E quando isso acontece nos sentimos como o próprio
vaso quebrado nas mãos do oleiro. Então, tentamos consertar a nós mesmos, até
descobrirmos que não podemos fazer nada, que somos incompetentes para esta
reconstrução. E esta percepção de incapacidade é o começo da mudança, da volta
por cima, do revés da vida, da reconstrução do vaso pelo oleiro.
Somos um vaso muito frágil! Podemos nos quebrar sim e isso é
inevitável! Mas a consequência da quebra, de permanecer quebrado ou ser reconstruído
depende da atitude que tomamos diante da tragédia e do oleiro. O
ser humano, diante da fragilidade humana, precisa saber que se faz necessário a
intensificação de sua fé. É claro que diante de prazeres e orgulhos da vida
muita gente ignora a Deus, se acha autossuficiente, mas nos momentos de queda
procuram-no querendo verdadeiros milagres, acreditando que Deus é somente um resolvedor
de problemas; resolvido a questão volta a sua vida mesquinha e se esquece de
Deus, até que seja quebrado novamente. Então, o que somos nós neste mundo?
Seres frágeis! Seres frágeis em busca de algo que nem sempre sabemos o que é.
Procuramos a felicidade, procuramos a prosperidade, procuramos o sucesso,
procuramos a fama, nos cercamos de cuidados e, às vezes, nos esquecemos de
cuidar daquilo de mais precioso que trazemos conosco que é a nossa alma. Por
isso devemos nos questionar sempre: Será que o que estou fazendo hoje vai me
deixar plenamente livre e limpo para gozar da presença de Deus quando o meu dia
chegar? O que responderei a Deus ao ser indagado sobre o que fiz dos meus dias
aqui nesta terra? Afinal, o maior motivo de sermos quebrados á a reflexão que tal
tragédia provoca, porque é nas mazelas da vida que conseguimos refletir na vida
e em Deus. Que Ele nos abençoe para que nestes momentos venhamos a identificar
os erros e corrigi-los, de forma que, ao sermos reconstruídos, o novo vaso seja
melhor do que aquele que se quebrou. Se isso não ocorrer a quebra do vaso e o
trabalho do oleiro de reconstruí-lo terá sido em vão! E isso pode levar ao oleiro a começar o processo tudo novamente! Pense nisso!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
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