A
Bíblia assim diz a respeito de uma das viagens de Jesus: E foram para Jericó. Quando ele saía de Jericó, juntamente com os
discípulos e numerosa multidão, Bartimeu, cego mendigo, filho de Timeu, estava assentado à beira do caminho (Mc
10.46). Bartimeu vivia à margem da vida. Era um homem cego e mendigo e dependia
totalmente da caridade das pessoas. Não podia trabalhar, não podia ir e vir sem
a ajuda de alguém, mas não precisa ser cego para viver à margem da vida. Há
muitas pessoas cercadas de bens que vivem à margem da vida! E não é nada fácil
viver à margem da vida! É muito deprimente olhar para as pessoas a sua volta e
achar que elas sim é que são felizes, que elas sim têm tudo para serem felizes,
que nasceram voltadas para as estrelas e foram privilegiadas por Deus, enquanto
que você parece que ficou com o resto, esquecido, desprezado, largado para
viver à margem da vida. Não há nada mais frustrante do que viver se depreciando
ante aos outros.
Você
vive à margem da vida quando se olha no espelho e permite que o complexo domine
sua vida. E o sentimento que mais atrapalha o desenvolvimento pessoal é o
complexo. Este sentimento faz somente o terror na vida das pessoas. Você pode
ter complexo de inferioridade, complexo em relação a sua aparência, em relação
ao seu tamanho, em relação ao seu peso, em relação a partes de seu corpo,
complexo em relação às capacidades intelectuais e tantos outros sentimentos
negativos que atormentam a vida de muitos. Todos estes complexos são típicos de
pessoas que não se aceitam e não aceitam a vida que levam e por causa disso
vivem totalmente revoltadas com a vida, pois a dor do complexo incomoda muito,
fazendo com que a pessoa se afaste dos amigos e, pouco a pouco, vai se isolando
da sociedade. São pessoas que vivem à margem da vida se martirizando,
achando-se inferiores a todos em sua volta. E os complexos ligados à aparência
física são extremamente prejudiciais nos relacionamentos afetivos, de modo que
a pessoa não se abre para o amor e para os carinhos quando está se sentindo
inferior ou feia diante do seu parceiro.
Você
vive à margem da vida quando olha para sua posição social e se compara aos
demais membros da sociedade, quando percebe que alguns se tornaram médicos,
outros dentistas, alguns engenheiros, outros advogados, uns professores, mas
você parece que ficou esquecido, parece não ter encontrado o seu papel, o seu
lugar na sociedade e se sente como uma carta fora do baralho. Você vive à
margem da vida quando olha para o poder aquisitivo das pessoas que te cercam e
compara com o seu, quando percebe que muitos conseguem ter a sua casa própria,
mobiliar luxuosamente a sua casa, ter o seu carro, viajar todo ano e terem um
gordo salário, enquanto que você paga aluguel de uma casa simples, basicamente
mobiliada, na periferia da cidade, indo e vindo de bicicleta e tendo que
sobreviver com um mísero salário.
As
pessoas que vivem à margem da vida são, na maioria das vezes, pessoas complexadas,
são indivíduos negativos que vivem da comparação com as demais pessoas. E o
mais lamentável é que os complexos são infundados, não passam de criações da
mente da própria pessoa, que tem a autoimagem distorcida, destruída, talvez,
por algum trauma na vida. Talvez tenha ouvido tantas críticas e desaprovações
ao longo da vida que se tornou um indivíduo pessimista e negativo em relação a
si mesmo e aos outros também. Ele não consegue perceber que o encanto de cada
ser humano está justamente nas suas diferenças, e nestas diferenças cada um
mostra algo de especial e este algo é individualizado, personalizado, de forma
que nenhum outro ser pode ser comparado a ele. E quando você não se compara com
alguém toda a inferioridade e superioridade fica sem sentido e aí você descobre
a importância de ser como você é, ou seja, de ser você mesmo.
Saiba
que o tempo voa e que a vida não espera! Liberte-se do casulo do complexo e
deixe a grande metamorfose da vida realizar seus sonhos. Se permita viver e ser
feliz por suas conquistas e não viva pelo reflexo das conquistas alheias. E ao se
olhar no espelho veja quem você realmente é, veja em quem você se tornou. Veja
o reflexo de alguém que já sofreu muito na vida, que suportou tremendas
tempestades, que atravessou áridos desertos e que merece toda reverência,
dignidade e felicidade. Seja consciente de que viver no passado não fará
diferença, mas mudar seu futuro irá trazer possibilidades de contar uma nova
história. Chega de se culpar pelo que fez ou deixou de fazer, o momento é de
fazer diferença e faça a diferença não pelos outros, mas por você mesmo. Se o
passado te assombra liberte-se do passado e seja feliz, afinal a maior perda da
vida é o que morre dentro de nós enquanto ainda vivemos. Não seja igual a
ninguém, pois a única pessoa que tem que ser igual a você é você mesmo. E acima
de tudo saiba que o agir de Deus é preciso e que Ele é perfeito em tudo que
faz, de forma que Ele não errou ao criar você do jeito que você é. Ele nada fez
em você por maldade, nem por castigo, mas ao criá-lo seguiu um projeto
original, único, de forma que você não pode ser comparado a ninguém. Nunca se
esqueça de que as nossas neuroses não combinam com a sabedoria de Deus. Faça
como Bartimeu, que quando soube que Jesus estava passando gritou com toda a sua
força por Ele, não se importou com a multidão que o repreendia, e assim ele foi
achado por Jesus, retirado da margem da vida e colocado em seu devido lugar no
meio da sociedade, um lugar onde encontrou dignidade e honra. E é isso que
Jesus quer fazer em sua vida! Um dia Jesus falou: Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância (Jo 10.10). Não
viva à margem da vida, porque vida em abundância é o que Jesus tem a te
oferecer! Pense nisso!
Luiz
Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
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