sexta-feira, 2 de novembro de 2018

A MORTE É UM MOMENTO A SER VIVIDO

Vi essa frase em um vídeo e ela mexeu muito comigo. Não pude assistir ao vídeo, mas fiquei dias meditando nesta frase. Como pode algo que assombra a vida das pessoas se tornar em um momento a ser vivido? Como algo que traz tanta tristeza, tanto choro, tanta amargura possa se tornar em um momento único e que venha a merecer alguma apreciação? Os sentimentos que temos em relação a morte são, na verdade, um reflexo de nossa crença, de nossa esperança e da grandeza da força espiritual que atua em nosso íntimo. As escolhas que fazemos, as atitudes que tomamos no percurso da vida também colaboram para refletir em nossos pensamentos as suposições que temos sobre a morte, a qual faz parte da vida e a vida não pode ser considerada sem ela.

A morte é um grande mistério! Tudo que sabemos é que ela veio como penalidade pela desobediência chamada de pecado. Portanto, ela é sombria porque é uma intrusa na criação de Deus e se tornou uma das mais cruéis penalidades impostas por Deus ao homem pela sua rebeldia. O que mais nos assombra na morte são os mistérios que ela envolve. Nada ao seu respeito pode ser comprovado a não ser a sua constatação, mas o que vem depois dela são fatos enigmáticos, sem nenhuma comprovação científica, desvendado por algo completamente abstrato que é a fé. Outro fato sombrio da morte é a total separação que ela provoca entre os vivos e os mortos, pois depois dela não existe mais nenhuma informação, nenhum abraço, nenhum gesto ou qualquer sinal daquele que se foi. Este mistério levou o sábio Salomão a formalizar a pergunta: Quem sabe se o fôlego de vida dos filhos dos homens se dirige para cima e o dos animais para baixo, para a terra (Ec 3.21)? Todo esse mistério nos faz pensar que a morte representa o fim. E como que algo que representa o fim merece qualquer prestígio a ser vivido?

Por causa de todo o misticismo que envolve a morte há muitas crenças sobre o que vem após a morte. E quando nos referimos ao pós-morte fazemos menção a alma, pois quanto ao corpo todos o veem indo para seu destino final que é a sepultura. Diante disso alguns acreditam no aperfeiçoamento do espírito através da reencarnação, outros acreditam na aniquilação da alma, outros no sono da alma, outros na inexistência da alma, enquanto que alguns nem sequer acredita que ela exista. Alguns acreditam na vivência eterna da alma em um paraíso (Céu) criado por Deus para o gozo da alma, ou, então, em um lugar de tormento (inferno), onde vivem completamente separados de seu Criador. Nesta diversidade de crença também encontramos a diversidade de sentimentos em relação a morte. Alguns não suportam nem ouvir este nome, muitos nem sequer leiam um artigo como este, outros fogem do assunto como o Diabo foge da cruz, enquanto que alguns encaram este momento com muita serenidade.

A nossa preparação espiritual tem tudo a ver com o que sentimos em relação a morte ou o que sentiremos quando este momento chegar. Fato é que estamos aqui em uma viagem e nesta viagem temos a incumbência de nos preparar para este momento inevitável da vida. Assim como a vida é única, a morte também o é, pois a Bíblia diz que aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo, depois disto, o juízo (Hb 9.27). O fato de a vida ser única a torna singular, excêntrica, inigualável, inédita, raríssima. Tudo isso leva as pessoas a quererem aproveitar ao máximo a vida e não vejo nada de errado nisso, o problema é que a maioria se esquece do propósito da viagem e ficam ligados apenas na curtição. O tempo passa, a viagem chega ao fim, e de repente se dão conta de que não há retorno para associarem a curtição com a preparação. Talvez, este seja o maior motivo de muitos desejarem voltar para fazer tudo diferente, mas não existe esta possibilidade.

Levando em consideração a crença da existência de um paraíso para o gozo da alma após a morte, levando em consideração de que nos preparamos espiritualmente para o fim desta viagem, a morte é sim um momento a ser vivido, porque embora ela represente o fim da linha de nossa existência terrena, ela também representa a linha de chegada para a eternidade. Esta linha de pensamento levou o sábio Salomão a uma resposta equilibrada de seu questionamento acima, pois ele concluiu dizendo que na morte o pó volte à terra, como o era, e o espírito volte a Deus, que o deu (Ec 12.7). E por que voltar a Deus? O autor de Hebreus nos dá a resposta: Vindo, depois disto, o juízo (Hb 9.27). Eis aí o motivo da preparação da viagem: Um acerto de contas com aquele que criou a vida e estabeleceu a morte por seu limite. Como você está nesta viagem? Tens achado lugar também para a sua preparação? Ou sua preocupação tem sido apenas com a curtição? Estás preparado para enfrentar este momento inevitável de sua vida? Pense nisso!

Luiz Lobianco

luizlobianco@hotmail.com

Nenhum comentário:

Postar um comentário