sexta-feira, 28 de fevereiro de 2020

O PASSAR DO TEMPO CICATRIZA AS FERIDAS

Nossa jornada neste mundo não é nada fácil! Ao longo dela, não somente presenciamos tanto choro e sofrimento na vida de tantas pessoas, como também, muitas vezes, eles fazem parte de nossa vida. Tanto isso é realidade que Paulo chega a dizer: Porque sabemos que toda a criação, a um só tempo, geme e suporta angústias até agora (Rm 8.22). E ele não exclui os filhos de Deus desse sofrimento sufocante, pois continua: E não somente ela, mas também nós, que temos as primícias do Espírito, igualmente gememos em nosso íntimo (Rm 8.23). Fato é que não estamos isentos de sermos feridos no corpo e na alma ao longo de nossa jornada, pois não há como pular essa etapa na vida. E o que fazer com as feridas expostas da alma? Muitas vezes a única opção que nos resta é deixar o tempo passar, porque o passar do tempo é um excelente remédio para a cicatrização de feridas, de ofensas, de mágoas e de decepções.

Eu sei que você pode estar pensando que é apenas um clichê, que já ouviu essa frase um milhão de vezes, pois o pulsar da dor te impede de encontrar sentido nela em sua vida. Às vezes, estamos tão machucados e sofrendo a tanto tempo que não somos capazes de enxergar uma saída daquela situação que nos magoa tanto e tudo o que conseguimos ver é a dor e o sofrimento que lateja no coração. É tanto que parece que não vamos aguentar por mais tempo. Entretanto, é verdade que o tempo cicatriza as feridas! E quem não tem algum tipo de ferida para ser cicatrizada? Ferida causada por marido, ferida causada por esposa, ferida causada por pais, ferida causada por filhos, ferida causada por irmãos, ferida causada por amigos, por colegas de trabalho. Todas elas têm algo em comum: Precisam ser tratadas e curadas!

Somente o tempo cura o que julgamos ser incurável. Somente o tempo conserta o que achamos que não tem conserto. E como isso funciona? Eventualmente, os dias vão se passando e a dor se torna menos intensa e você vai percebendo que ela vai diminuindo aos poucos, tão lentamente que, às vezes, nem é possível perceber. Até que um dia acordamos, olhamos para aquela ferida que antes doía tanto e que achávamos que seria impossível de cicatrizar e percebemos que ela já não dói tanto. Claro que ainda é doloroso olhar para ela e lembrar de tudo, porque o tempo cicatriza as feridas da alma, mas da mente elas podem jamais sair. Entretanto, com o passar do tempo você começa a perceber que ela incomoda bem menos. É assim que funciona! Um dia, tudo o que mais te magoou não passará de uma cicatriz, que estará lá não para te lembrar da dor, mas para te lembrar o quanto você foi forte, para te lembrar de que tudo passa.

Caso não seja esta a realidade de sua vida não se culpe por ainda não estar bem, por ainda não ter superado algum trauma sofrido. Algumas coisas levam tempo e cada pessoa tem o seu próprio ritmo. Dê os seus próprios passos, sem se comparar com ninguém, porque amanhã essa realidade pode se tornar um pouco mais palpável em sua vida. Amanhã as lembranças podem não ter um gosto tão amargo como as tem hoje. Espere, porque dia após dia você vai se recuperar. É preciso dar um passo de cada vez neste processo tão delicado. Saiba que haverá um dia em que o tempo levará a dor embora, um dia em que a dor que te atingiu te deixará, um dia em que a dor passará apenas de uma trágica lembrança do passado, um dia em que você acordará com novas perspectivas, com novos pontos de vista. Neste dia você será capaz de compreender o quanto esta dor foi importante para o seu amadurecimento. Esse dia chegará quando você menos espera.

O tempo pode cicatrizar todas as feridas, é verdade, mas não devemos nos esquecer de que o tempo cicatriza quando nós permitimos que isso aconteça, porque podemos alimentar uma mágoa por longos anos e não permitir a sua cicatrização. Lembre-se de que feridas cutucadas podem se tornar feridas expostas. Aceite e trate as suas dores, as suas perdas e as suas mágoas. Só assim é possível melhorar e mudar o cenário de tua vida. Fixe-se no futuro, no que te espera, na pessoa maravilhosa que você pode se tornar, porque a mágoa pode te transformar em uma pessoa amarga. Alimente em seu coração o sentimento de superação. Se está difícil fazer as coisas acontecerem neste sentido peça ajuda, não tente sozinho.

Volte-se para Deus, porque nele você jamais encontrará decepção. Pense na eternidade, nas maravilhas que lá nos espera. Paulo, falando dos nossos sofrimentos neste mundo, disse: Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós (Rm 8.18). E Isaias, falando da eternidade diz: Pois eis que eu crio novos céus e nova terra; e não haverá lembrança das coisas passadas, jamais haverá memória delas (Is 65.17). Como esquecer tanta dor e tanto sofrimento? Somente tendo um gozo muito superior dessas dores e desses sofrimentos. Isso nos deixa a impressão de que nem tudo sobre o Céu nos foi contado. Em outra oportunidade, quando Paulo testemunha de quando foi arrebatado ao Céu, disse que: Foi arrebatado ao paraíso e ouviu palavras inefáveis, as quais não é lícito ao homem referir (2 Co 12.4). Parece que ele não escreveu sobre tudo que viu e ouviu no Céu. Se o pouco que sabemos do Céu já nos deixa encantados por ele, imagina se soubéssemos de tudo! Pense nestas maravilhas e permita que o tempo cicatriza as suas feridas. Que Deus assim te abençoe! Amém!

Luiz Lobianco


terça-feira, 25 de fevereiro de 2020

O PASSAR DO TEMPO NOS AMADURECE

Já reparou na rapidez com que transcorre o tempo? Os dias voam com uma velocidade impressionante. Mal a semana começa e já termina. A famosa propaganda do Banco Bamerindus dizia: “O tempo passa, o tempo voa...” E como voa! Percebemos esse rápido passar dos anos quando olhamos no espelho e começamos a notar a transformação que o tempo provoca em nossa aparência. São as rugas que chegam, os cabelos que vão ficando brancos, as dores que vem de todos os lados, a disposição e a energia que já não são mais as mesmas, a barriguinha que vai tomando outra forma, a calvície que vai crescendo a cada dia. Quando cai o primeiro fio de cabelo nem damos muita importância, mas quando ele começa a fazer falta perdemos o sossego. O passar dos anos provoca profundas transformações em todo o nosso corpo, mas ele pode também vir acompanhado de um grande benefício: O amadurecimento. De acordo com o Dicionário Michaelis" maturidade significa: (...) Estado ou condição de ter atingido uma forma adulta ou amadurecida; qualidade daquele que, por ter atingido a idade madura, age com reflexão, com bom senso e prudência(...).

Amadurecimento nada tem a ver com a idade! Amadurecer está muito mais ligado com as experiências vividas do que com o tempo de vida. Isso significa que um jovem de vinte e poucos anos, por exemplo, pode ser mais maduro do que alguém que passou dos cinquenta, porque uma pessoa madura é aquela que consegue lidar de forma mais serena com os problemas e sabe aproveitar as mudanças da vida para crescer. Portanto, maturidade é saber lidar melhor com os acontecimentos decorrentes da vida, sejam eles de ordem pessoal, profissional ou emocional. Trágico foram os acontecimentos na vida de Jó decorrentes de uma prova de sua fidelidade a Deus, mas ele aprendeu e tirou lições preciosas para a vida com tudo que aconteceu, pois no final ele diz a Deus: Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te veem (Jó 42.5).

O princípio para se tornar uma pessoa madura é começar a pensar mais antes de agir e considerar as consequências para tomar decisões mais sábias. Uma pessoa amadurecida dá muita importância ao velho ditado popular: “a pressa é inimiga da perfeição”. Isso significa que quanto menos refletir, maiores são as chances de se ter resultados desastrosos e diferente daquilo que se esperava. Neste sentido o amadurecimento de um indivíduo é algo que deve ser conquistado dia após dia, com base em todas as experiências vividas, porque ninguém se torna maduro do dia para a noite, assim como os frutos da terra, nós nascemos verdes e é com o passar do tempo que vamos amadurecendo.

Entretanto, mesmo com todas as experiências vividas, as pessoas maduras também cometem erros, pois continuam sendo humanas. A diferença está na forma como reagem ao falhar. Ao invés de ficarem se lamentando e se culpando pelo que aconteceu, procuram tirar lições desse erro para fazerem diferente da próxima vez. Por isso, sempre que algo tiver um resultado diferente ao que se esperava, evite desperdiçar o seu tempo com lamentações e sentimento de culpa que só fazem te limitar e perder seu tempo. Adote uma postura positiva e analise a situação, a fim de entender o que poderia ter sido feito de forma diferente. Faça das suas falhas algo que amplie a sua visão, que te ensine novos caminhos e não algo que te bloqueie e impeça de enxergar adiante, porque muitas pessoas passam a vida reclamando e não percebem o quanto essa atitude pode ser nociva. Ver sempre apenas o lado ruim das situações é altamente prejudicial porque impede que as oportunidades sejam aproveitadas.

A cada ano que passa envelhecemos, é verdade, mas nos tornamos mais sábios, porque o tempo nos enriquece com sabedoria e experiência. Pelo menos é o que deveria ser! Afinal, aprendemos mais com nossos erros do que com nossos acertos. É como diz o velho ditado popular: Errar é humano, repetir o mesmo é burrice! São muitas sábias as palavras de Moisés no salmo 90, em que ele fala da transitoriedade do homem: Ensina-nos a contar os nossos dias, para que alcancemos coração sábio (Sl 90.12). Moisés era um homem que tinha muita intimidade com o Senhor. A Escritura diz que o Senhor falava com Moisés como um amigo, face a face. Mesmo assim, Moisés estava pedindo sabedoria para viver melhor. Se Moisés pedia sabedoria, quanto mais nós precisamos pedi-la para aprender a contar os nossos dias.

As mudanças físicas com o passar dos anos são inevitáveis. Nossa pele enruguece, nossos cabelos branquejam ou caem, as juntas parecem enrijecer, a energia vai se esvaindo, mas interiormente este envelhecer vai se transformando em um amadurecimento saudável com profundas transformações em nosso caráter. Que Deus te abençoe para que assim seja na sua vida! Amém!

Luiz Lobianco


quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

SEJA UM SOBREVIVENTE E NÃO UMA VÍTIMA


É muito difícil dimensionar a dor para poder afirmar qual é a pior, mas creio que a dor da violência e do abuso está entre as piores; e todos os dias pessoas são vítimas destes crimes. Portanto, todos os dias pessoas são jogadas à mercê de um mal tão grande que pode tornar suas vidas sombrias, amarguradas e depressivas. Hoje terminaremos de falar de como lidar com a dor e temos afirmado que, conforme as atitudes que tomarmos diante dela, nossas vidas tomarão determinado destino. Falamos também que a dor não é opcional porque ela se impõe sobre nossas vidas. Da mesma forma, ninguém escolhe ser vítima da violência e nem de abuso, pois estas tragédias acontecem (por causa da maldade do homem) e alguém se torna alvo delas sem que estas tenham a oportunidade de opinar e adotam a partir daí uma dor tremenda na alma. Parafraseando um pensamento: “O problema da dor é que ela precisa ser sentida” para que possamos entender que não existem somente coisas boas na vida, mas há também muitas coisas ruins proveniente da maldade das pessoas. Embora você não escolha e não seja culpa sua for vítima, continuar na situação de vítima pode ser uma alternativa, porque somos dotados de força para poder reagir.
Quem foi vítima de violência ou de abuso sempre será uma vítima deste mal, mas você pode sair dessa situação como um sobrevivente ou permanecer nela como uma vítima. Mark W. Baker, em seu livro Como Deus cura a Dor, ele explica o que é um e outro. Ele diz: “Sobreviventes são pessoas que, apesar das dificuldades e sofrimentos mantêm seu poder pessoal e a crença de que podem agir de forma diferente quando surgirem novas provações. Vítimas são aquelas que, a partir do que sofreram, passam a se sentir impotentes e derrotadas”. Às vezes, as dificuldades da vida se tornam tão difíceis que parece que nossas vidas são interrompidas naquele ponto. Essa situação pode nos deixar com medo de não mais conseguir prosseguir com a trajetória de sucesso como era outroramente e pode representar que nossa vida acabou quando estava ainda começando. A partir daí nos sentimos impotentes para recomeçar. Podemos até nos sentir impotentes em relação ao que nos acontecera, mas devemos rejeitar a ideia de sermos uma vítima, porque Mark diz: “Se você se considera uma vítima do que lhe aconteceu no passado, corre o enorme risco de se sentir impotente em relação ao que pode lhe acontecer no futuro”. Para que isso aconteça é muito importante você se ver como uma pessoa batalhadora e esse poder mudará a direção de sua vida. Mark diz: “Os sobreviventes são pessoas que foram vítimas de sofrimento, mas conservaram seu poder, enquanto que as vítimas o perderam”. O poder de lutar nos permite sermos sobreviventes e não vítimas.
Assim como nas demais situações difíceis já mencionadas, a cooperação dos amigos é fundamental na superação do sofrimento decorrente de alguma violência ou de abuso. No caso de violência o sentimento de impunidade nos abate e nos revolta, mas se Deus condena ao inferno àqueles que nos negam assistência (Mt 25.41-46) o que não fará com aqueles que oprimem? E no caso de abuso muitas vezes é resultado de uma traição (ocorre no próprio lar) e sermos traído por alguém a quem estamos ligados afetivamente ou de quem dependemos afeta a nossa capacidade de confiar e de se relacionar com os outros, porque achamos que voltar a acreditar torna-nos vulneráveis, o que pode ser muito arriscado e destrutivo. Mas afastar ou evitar as pessoas nos deixa solitários e não é fácil superar tão grande dor sozinho. Se nos rendermos ao isolamento que o trauma provoca certamente nos tornaremos em pessoas amargas. Às vezes, por desconfiança, achamos que os outros nos atrapalha, que se intrometem, tachamos suas palavras de inúteis por acharmos que ninguém nos entende, mas agindo assim não damos a oportunidade aos outros de estar conosco e recusamos o suporte que elas nos oferecem.
Sempre enfrentamos e sempre enfrentaremos situações difíceis na vida, mas Deus jamais nos abandona em nossos sofrimentos. A Bíblia diz que Deus Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor (Is 40.29). Deus não nos promete uma vida sem sofrimento, mas promete nos dar forças. A presença de Deus é o elemento que fará toda a diferença entre sermos sobreviventes ou vítimas. A Bíblia diz: Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, mas os que esperam no SENHOR renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansam, caminham e não se fatigam (Is 40.30,31). Não se sinta culpado por estar cansado ou debilitado, mas escolha sobreviver recorrendo aos recursos que Deus nos oferece, porque Deus nos dá recursos e nos dota de forças para que possamos deixar de sermos vítimas e tornarmos sobreviventes. E este Deus que nos capacita diz: Não temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel (Is 41.10). Não queira sofrer sozinho! Aceite a presença de Deus e peça a Ele para lhe dar forças para sobreviver. Que este Deus lhe guie e te dê sabedoria para fazeres a escolha correta e ao fazeres a melhor escolha verás a diferença entre ser sobrevivente e ser vítima. Que Deus assim te abençoe! Amém!
Luiz Lobianco

segunda-feira, 17 de fevereiro de 2020

O SOFRIMENTO E A NOSTALGIA


Qual relação pode haver entre a dor e a nostalgia? Nostalgia é um termo que descreve uma sensação de saudade idealizada (que às vezes pode ser irreal), por momentos vividos no passado associada a um desejo sentimental de regresso, impulsionado por lembranças de momentos felizes e antigas relações sociais. Temos uma tendência muito forte de voltar ao passado, principalmente nos momentos de tribulação. E por causa disso muitas pessoas estão presas às lembranças do passado de forma que não conseguem viver o presente. São pessoas que mesmo estando no meio de uma multidão sentem-se isoladas, solitárias, tão diferentes que se sentem estranhas ao meio social em que vivem. São pessoas que vivem tanto no passado que perderam a identidade, que não conseguem mais estabelecer ligação com seu próximo. Estas pessoas sentem que ninguém, nem mesmo Deus, pode entender ou avaliar a intensidade de sua dor e por causa disso se isolam, mas este isolamento só piora a situação porque ninguém suporta sofrer sozinho. E na hora da dor, por mais que venhamos a desejar estar só, interagir ajuda a superar a dor.
São muitas as causas que podem nos traumatizar e nos tornar um saudosista e nos deixar dependentes do passado. Uma delas pode ser a perda de um ente querido, de uma pessoa que amamos de forma sem igual, principalmente se ocorrer de forma trágica ou prematura. Pode ser a perda da mãe ou do pai, de um filho ou de uma filha, de um irmão ou de uma irmã, do marido ou da esposa e não há como evitar os questionamentos, os conflitos interiores a partir de então. Muitos porquês vão tinir em nossa mente como um sino. Constantemente seremos pegos pensando: Como Deus, que tanto amo, pode permitir que algo tão terrível acontecesse? O sentimento do nosso coração é que não vamos conseguir sobreviver a esta dor. Sei que muitas perdas são insubstituíveis, mas caso não cuidemos adequadamente desta dor ela pode criar um abismo entre nós e os outros e até mesmo entre nós e Deus.
Mais uma vez (este é o terceiro texto) nos encontramos diante de um dilema em que a atitude que tomarmos fará toda diferença. Se sofrermos sozinhos e recusarmos ajuda corremos o risco de terminar nossos dias isolados e largados em um saudosismo que nada mais fará do que nos fazer viver no passado e perder tanto o presente quanto o futuro. Mas se buscarmos e aceitarmos ajuda, poderemos até viver em conflito por um período de tempo, contudo logo encontraremos o caminho novamente e passamos a seguir em frente, mesmo que machucados, pois logo perceberemos que não estamos sozinhos, mesmo que assim o pareça. Sei que não é fácil, e não estou dizendo que se você lidar corretamente com a dor ela terminará e vai embora, mas o que digo é que a melhor opção é tomar uma atitude que nos conduza a superação, porque é muito mais fácil fugir da realidade e viver no mundo dos sonhos (como que se lá a dor não existisse), assim como é muito melhor viver nas lembranças do passado do que encarar os desafios do futuro.
O sofrimento pode acabar com as nossas esperanças e nos afastar das pessoas. Mas na hora da dor a presença dos amigos é o melhor remédio, mesmo que suas palavras pareçam inúteis. Afinal, Deus nos criou com a capacidade de nos relacionarmos com os outros. E quando nos sentimos desesperadamente sós, interagir faz muito bem ao coração machucado. Podemos até achar que não queremos a companhia de alguém, mas escolhermos estar com os amigos é a melhor opção de superararmos a dor. Se agirmos assim não vamos ficar presos ao passado, mas vamos caminhar para o lado certo da vida: Para frente! Não fique aprisionado entre o passado e o futuro, como se o aqui e o agora não existissem. Seus amigos estão aí! Eles podem não compreender a intensidade da dor que estás sentindo, mas eles querem estar ao seu lado!
Quando sentirmos profundamente que ninguém pode compreender o tamanho do nosso sofrimento, quando sentirmos que os comentários superficiais e consoladores mais parecem um insulto do que um conforto, lembremos que Jesus também conheceu a dor da perda de um ente querido e quando isso aconteceu a Bíblia diz que Jesus chorou (Jo 11.35). Ele chorou porque amava a Lázaro e a morte de seu amigo irmão abalou seu íntimo e a dor da morte, da perda o fez fazer o que é mais natural nesta hora: Chorar! E chorar não é errado, mas a Bíblia diz: Ao anoitecer, pode vir o choro, mas a alegria vem pela manhã (Sl 30.5). O choro não pode ser eterno de forma que se viveres chorando viverás trancado dentro de si, em meio a sombras que insistem em pairar sobre sua cabeça e, então, não mais viverás, mas apenas existirás. E quanto ao passado olhe para ele com prudência, porque o passado pode ser fonte de bem-estar emocional, mas também de depressão. Busque a Deus e diga como Davi: SENHOR, meu Deus, clamei a ti por socorro, e tu me saraste (Sl 30.2). E caso tenha sofrido a dor da perda de um ente querido, a Bíblia diz: Preciosa é aos olhos do SENHOR a morte dos seus santos (Sl 116.15). Estas palavras não trará seu ente de volta, mas tem o poder de aliviar a sua dor e confortar seu coração. Que Deus assim te abençoe! Amém!
Luiz Lobianco

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2020

AS TRANSFORMAÇÕES QUE A DOR CAUSA NA VIDA


Qual a consequência do sofrimento na vida? Responder a essa pergunta talvez seja até fácil, o difícil é esclarecer sua resposta para quem está afetado por algum trauma. Fato é que o sofrimento pode nos transformar em uma pessoa tanto melhor como pior. Conheço muitas pessoas vitoriosas, de caráter (este lapidado pelo sofrimento), mas também conheço muitas que se tornaram amargas por causa da dor, consequências de algum trauma sofrido na vida. Difícil entender as implicações da dor e do sofrimento em nossas vidas. Mark W. Baker, em seu livro: Como Deus cura a dor, diz: “A dor é uma força poderosa que nos empurra para uma determinada direção. Ela pode nos guiar para a maturidade e a sabedoria ou para o desespero e a alienação”. Mas isso não torna o sofrimento um vilão, em algo totalmente maléfico para a vida. Tiago confirma isso quando diz: Meus irmãos, tende por motivo de toda alegria o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma vez confirmada, produz perseverança (Tg 1.2,3). Isso vai contra a maioria de nossas orações. Apreciamos mesmo é o “livra-nos do mal (Mt 6.13)”. Apesar de odiarmos sofrer, Tiago fala o quanto o sofrimento pode beneficiar nossa formação.
Não é o fato de sofrer que nos torna uma pessoa feliz ou amarga, mas as atitudes que tomamos diante do sofrimento farão o diferencial na transformação que a dor gerará em nossa vida. Isso nos coloca mais uma vez (estamos no segundo texto) diante da questão do nosso posicionamento diante da dor e como lidar com ela. Portanto, não temos a opção de escolha no tipo de sofrimento para enfrentar na vida, mas podemos escolher a direção a seguir na hora da dor. Deus nos ampara nas tribulações, mas Ele não acaba com o nosso sofrimento, porque faz algo melhor, ele nos dota de força e de recursos para enfrentar o gigante do sofrimento e este confronto pode nos transformar em pessoas melhores, mais fortes, resistentes, e não destruídos pela dor.
Não podemos permitir que a dor nos isole e nos empurre para a solidão e amargura. Tiago diz que o sofrimento deve produzir em nós a perseverança, ou seja, em algo bom, proveitoso, benéfico, e para que o sofrimento contribua para o nosso bem é necessário mais do que suportá-lo. Não podemos tirar de nós o sofrimento, mas podemos responder a ele com atitudes nobres e não apenas aguardar que algo melhor aconteça. Não devemos simplesmente manter uma atitude positiva diante da dor, mas reagir diante dela com amor e optar em fazer o bem todos os dias. Esse é o tipo de comportamento que nos ajudará a superar a dor e nos levará a uma transformação sem igual na vida. É como a metamorfose de uma lagarta que assim entra em um casulo e sai de lá uma linda borboleta. Entramos no sofrimento inexperiente e devemos sair de lá amadurecidos. Só não se esqueça de que esta metamorfose pode ser brusca, mas provavelmente será lenta e permanecerá por um longo período que exigirá de nós perseverança.
O aprendizado com a dor e o sofrimento é como o desenvolvimento com as frustrações. Quantas vezes na vida não somos afetados pela frustração? Quantas vezes não somos impedidos de atingir as nossas realizações? Quantas vezes não somos bloqueados em nossa motivação por barreiras que surgem ao longo da vida e que nos impede de alcançarmos nossos objetivos? A frustração causa uma desestruturação emocional em vários níveis que acarreta consequências muito sérias na vida. Mas é a partir das experiências frustradas que mais aprendemos e crescemos na vida. Entretanto, a frustração pode também dominar uma vida e deixa-la completamente sem ação, sem reação e a faz desistir de seus sonhos e a lança na cova da autocomiseração.
Sei que é muito sufocante quando nossas necessidades parecem inesgotáveis, que por mais que lutamos mais elas surgem, sei que não é fácil ter fé quando não sabemos o que esperar, mas não podemos permitir que sejamos dominados pela desesperança, não podemos consentir que o sofrimento nos transforme em pessoas amargas e revoltadas com a vida. Digo que mesmo desanimado e, talvez, revoltado com Deus, precisamos escolher o caminho da vida e não o da morte, o caminho da superação e não o da desistência, porque Deus, de algum modo, nos dará forças para sobreviver. Isso nos colocará em um processo de transformação rumo ao crescimento.
Nossa luta contra a desesperança e a frustração é diária, a convivência com os traumas da vida pode perdurar até ao fim de nossos dias e a coisa mais certa nesta vida são as dificuldades, a dor e muito sofrimento. Que Deus nos capacite a lidar com as mazelas da vida e não permita que venhamos a ficar prostrados no meio do caminho, lamuriando e derrotados pelas tribulações da vida, mas que seu agir em nossas atitudes nos transforme em vencedores e assim venhamos a resistir até a consumação de nossos dias esperando pela vitória final porque ela é certa. Lembre-se de Noemi que passou pelo trauma da fome, da peregrinação, do trauma de perder seu marido, perder seus dois únicos filhos, tanto que assim falou quando retornou para sua terra: Porém ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me Mara (que quer dizer águas amargas), porque grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso (Rt 1.20). Mas não muito tempo depois assim lhe falaram: Então, as mulheres disseram a Noemi: Seja o SENHOR bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que será teu resgatador, e seja afamado em Israel o nome deste. Ele será restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora, que te ama, o deu à luz, e ela te é melhor do que sete filhos (Rt 4.14,15). Aquele neto foi o avô do grande rei Davi. Deus tratou dos traumas da vida de Noemi e certamente Ele também quer cuidar dos seus traumas e das suas perdas insubstituíveis. Descanse e espere nele. Que Deus assim te abençoe! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com

terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

COMO LIDAR COM A DOR E O SOFRIMENTO


Todos, sem exceção, vivenciamos a dor e o sofrimento em muitos momentos da vida. Neste ponto não há distinção entre um e outro, pois todos nós estamos susceptíveis à dor e ao sofrimento, independente de nossa situação social. Mark W. Baker diz: “Sofrer não é uma opção, pois muitas vezes o sofrimento se impõe”. Então, se estamos procurando uma solução para a dor e o sofrimento que nos aflige, temos que descartar a possibilidade de sua eliminação da nossa vida, por mais que venhamos a implorar isso a Deus, porque a dor e o sofrimento na vida são inevitáveis; a distinção que existe entre uns e outros neste ponto é a forma como lidamos com eles. Mark diz: “Mas a forma de sofrer é uma escolha nossa. Contudo, independente da forma escolhida, devemos aprender a melhor maneira de sofrer se quisermos fazer da dor uma ferramenta para o nosso crescimento”. Deus, na Sua infinita graça e sabedoria dá-nos a capacidade de lidar com a dor. Contudo, quando nos aproximamos de Deus com a nossa dor devemos estar conscientes de que os seus métodos de cura nem sempre são aqueles com os quais contamos e seu agir nem sempre é da forma como queremos. Aprender como Deus lida com a nossa dor é um passo muito importante para a superação do nosso sofrimento e com certeza isso vai promover nosso crescimento e nossa felicidade, pois apesar de nos surpreendermos com os métodos sublimes de Deus, o poder curativo de seu amor é inquestionável, não sendo encontrado remédio melhor.
Sentir-se abandonado por Deus na hora do sofrimento é quase que impossível e este sentimento nem sempre é uma declaração de falta de fé, pois ele pode ser um sentimento natural de um ser decaído e incapaz, no qual se tornou o homem sem Deus; um sentimento que demonstra nossa insegurança e nossos medos diante de um gigante que é a dor e o sofrimento. Este sentimento nos faz sentir sozinhos e abandonados à mercê de nossa dor e esta sensação de solidão nos leva ao desespero. Creio que nenhuma palavra expressa o mais completo abandono quanto às ditas por Jesus na cruz: Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste (Mt 27.46)? Jesus assim bradou porque se sentiu sozinho naquela cruz. E isso aconteceu porque, naquele momento, Ele estava nos representando em sua missão de resgatar o homem perdido, algo que somente Ele poderia fazê-lo. Portanto, se em algum momento de dor você já se sentiu sozinho e abandonado lembre-se de que o próprio Senhor Jesus já experimentou esse tipo de dor. Apesar de ser um sentimento natural de um ser que tem grande tendência de viver se lamuriando diante de Deus, precisamos lidar com ele corretamente, porque certamente conseguiremos superar a dor, desde que não estivermos atravessando sozinho o deserto árido do sofrimento.
Gritar na hora da dor não é errado e nem pecado. Sofrer calado é muito perigoso! Jó é conhecido pela sua paciência, mas se tem uma coisa que Jó não ficou foi calado diante da dor. Constantemente ele expressava sua dor e seu sofrimento a Deus. Ele dizia: Os meus olhos se desfazem em lágrimas diante de Deus (Jó 16.20). Por isso, não reprimirei a boca, falarei na angústia do meu espírito, queixar-me-ei na amargura da minha alma (Jó 7.11). Davi foi o homem segundo o coração de Deus, mas também não se calou diante da dor. Ele dizia: Estou cansado de tanto gemer; todas as noites faço nadar o meu leito, de minhas lágrimas o alago (Sl 6.6). Por pão tenho comido cinza e misturado com lágrimas a minha bebida (Sl 102.9). Como nos identificamos com Jó e Davi em muitos momentos da vida! Na hora da gratidão expressamos louvor e sentimos Deus nos acolher em seus braços e ouvimos a voz dele falar ao coração, mas na hora do desespero, quando clamamos, às vezes a sensação que temos é de encontrar uma porta fechada e tudo que conseguimos ouvir é o barulho de uma tranca sendo passada na porta. O silêncio de Deus nos perturba! A demora de Deus deixa-nos inquietos! A falta de urgência de Deus nos deixa em desespero!
Precisamos aprender a lidar com a dor e o sofrimento! Precisamos parar de exigir que Deus retire de nós a dor e o sofrimento! Precisamos nos posicionar corretamente diante deste gigante que nos atemoriza, porque conforme o nosso posicionamento a dor e o sofrimento nos aproximará ainda mais de Deus, mas ele também pode nos afastar ainda mais de Deus e das pessoas. A coisa mais importante que Deus nos concede para que a dor e o sofrimento nos aproximem dele e não nos afaste ainda mais é a sua presença. Davi dizia: Na minha angústia, invoquei o SENHOR, gritei por socorro ao meu Deus. Ele do seu templo ouviu a minha voz, e o meu clamor lhe penetrou os ouvidos (Sl 18.6). Jó, depois de sua angústia disse: Eu te conhecia só de ouvir, mas agora os meus olhos te vêem. Por isso, me abomino e me arrependo no pó e na cinza (Jó 42.5,6). A presença de Deus na vida destes homens foi o diferencial para suas vitórias. Portanto, quando estiveres sofrendo, volte-se para Deus e deixe que Ele seja a sua força. Não sofra sozinho! Não guarde rancor! Deus não deseja isso e promete estar presente para nos sustentar na hora da tribulação. Que Deus assim te abençoe! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com