Qual
a consequência do sofrimento na vida? Responder a essa pergunta talvez seja até
fácil, o difícil é esclarecer sua resposta para quem está afetado por algum
trauma. Fato é que o sofrimento pode nos transformar em uma pessoa tanto melhor
como pior. Conheço muitas pessoas vitoriosas, de caráter (este lapidado pelo
sofrimento), mas também conheço muitas que se tornaram amargas por causa da
dor, consequências de algum trauma sofrido na vida. Difícil entender as
implicações da dor e do sofrimento em nossas vidas. Mark W. Baker, em seu
livro: Como Deus cura a dor, diz: “A dor
é uma força poderosa que nos empurra para uma determinada direção. Ela pode nos
guiar para a maturidade e a sabedoria ou para o desespero e a alienação”.
Mas isso não torna o sofrimento um vilão, em algo totalmente maléfico para a
vida. Tiago confirma isso quando diz: Meus
irmãos, tende por motivo de toda alegria
o passardes por várias provações, sabendo que a provação da vossa fé, uma
vez confirmada, produz perseverança (Tg 1.2,3). Isso vai contra a maioria
de nossas orações. Apreciamos mesmo é o “livra-nos
do mal (Mt 6.13)”. Apesar de odiarmos sofrer, Tiago fala o quanto o
sofrimento pode beneficiar nossa formação.
Não
é o fato de sofrer que nos torna uma pessoa feliz ou amarga, mas as atitudes
que tomamos diante do sofrimento farão o diferencial na transformação que a dor
gerará em nossa vida. Isso nos coloca mais uma vez (estamos no segundo texto)
diante da questão do nosso posicionamento diante da dor e como lidar com ela.
Portanto, não temos a opção de escolha no tipo de sofrimento para enfrentar na
vida, mas podemos escolher a direção a seguir na hora da dor. Deus nos ampara
nas tribulações, mas Ele não acaba com o nosso sofrimento, porque faz algo
melhor, ele nos dota de força e de recursos para enfrentar o gigante do
sofrimento e este confronto pode nos transformar em pessoas melhores, mais
fortes, resistentes, e não destruídos pela dor.
Não
podemos permitir que a dor nos isole e nos empurre para a solidão e amargura.
Tiago diz que o sofrimento deve produzir em nós a perseverança, ou seja, em
algo bom, proveitoso, benéfico, e para que o sofrimento contribua para o nosso
bem é necessário mais do que suportá-lo. Não podemos tirar de nós o sofrimento,
mas podemos responder a ele com atitudes nobres e não apenas aguardar que algo
melhor aconteça. Não devemos simplesmente manter uma atitude positiva diante da
dor, mas reagir diante dela com amor e optar em fazer o bem todos os dias. Esse
é o tipo de comportamento que nos ajudará a superar a dor e nos levará a uma transformação
sem igual na vida. É como a metamorfose de uma lagarta que assim entra em um
casulo e sai de lá uma linda borboleta. Entramos no sofrimento inexperiente e
devemos sair de lá amadurecidos. Só não se esqueça de que esta metamorfose pode
ser brusca, mas provavelmente será lenta e permanecerá por um longo período que
exigirá de nós perseverança.
O
aprendizado com a dor e o sofrimento é como o desenvolvimento com as
frustrações. Quantas vezes na vida não somos afetados pela frustração? Quantas
vezes não somos impedidos de atingir as nossas realizações? Quantas vezes não
somos bloqueados em nossa motivação por barreiras que surgem ao longo da vida e
que nos impede de alcançarmos nossos objetivos? A frustração causa uma
desestruturação emocional em vários níveis que acarreta consequências muito
sérias na vida. Mas é a partir das experiências frustradas que mais
aprendemos e crescemos na vida. Entretanto, a frustração pode também dominar
uma vida e deixa-la completamente sem ação, sem reação e a faz desistir de seus
sonhos e a lança na cova da autocomiseração.
Sei
que é muito sufocante quando nossas necessidades parecem inesgotáveis, que por
mais que lutamos mais elas surgem, sei que não é fácil ter fé quando não
sabemos o que esperar, mas não podemos permitir que sejamos dominados pela
desesperança, não podemos consentir que o sofrimento nos transforme em pessoas
amargas e revoltadas com a vida. Digo que mesmo desanimado e, talvez, revoltado
com Deus, precisamos escolher o caminho da vida e não o da morte, o caminho da
superação e não o da desistência, porque Deus, de algum modo, nos dará forças
para sobreviver. Isso nos colocará em um processo de transformação rumo ao
crescimento.
Nossa
luta contra a desesperança e a frustração é diária, a convivência com os
traumas da vida pode perdurar até ao fim de nossos dias e a coisa mais certa
nesta vida são as dificuldades, a dor e muito sofrimento. Que Deus nos capacite
a lidar com as mazelas da vida e não permita que venhamos a ficar prostrados no
meio do caminho, lamuriando e derrotados pelas tribulações da vida, mas que seu
agir em nossas atitudes nos transforme em vencedores e assim venhamos a
resistir até a consumação de nossos dias esperando pela vitória final porque
ela é certa. Lembre-se de Noemi que passou pelo trauma da fome, da peregrinação,
do trauma de perder seu marido, perder seus dois únicos filhos, tanto que assim
falou quando retornou para sua terra: Porém
ela lhes dizia: Não me chameis Noemi; chamai-me
Mara (que quer dizer águas amargas), porque
grande amargura me tem dado o Todo-Poderoso (Rt 1.20). Mas não muito
tempo depois assim lhe falaram: Então, as
mulheres disseram a Noemi: Seja o SENHOR bendito, que não deixou, hoje, de te dar um neto que será teu resgatador, e
seja afamado em Israel o nome deste. Ele
será restaurador da tua vida e consolador da tua velhice, pois tua nora,
que te ama, o deu à luz, e ela te é
melhor do que sete filhos (Rt 4.14,15). Aquele neto foi o avô do grande
rei Davi. Deus tratou dos traumas da vida de Noemi e certamente Ele também quer
cuidar dos seus traumas e das suas perdas insubstituíveis. Descanse e espere
nele. Que Deus assim te abençoe! Amém!
Luiz Lobianco
luizlobianco@hotmail.com
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