Qual
relação pode haver entre a dor e a nostalgia? Nostalgia é um termo que descreve
uma sensação de saudade idealizada (que às vezes pode ser irreal), por momentos
vividos no passado associada a um desejo sentimental de regresso, impulsionado
por lembranças de momentos felizes e antigas relações sociais. Temos uma
tendência muito forte de voltar ao passado, principalmente nos momentos de
tribulação. E por causa disso muitas pessoas estão presas às lembranças do
passado de forma que não conseguem viver o presente. São pessoas que mesmo
estando no meio de uma multidão sentem-se isoladas, solitárias, tão diferentes
que se sentem estranhas ao meio social em que vivem. São pessoas que vivem
tanto no passado que perderam a identidade, que não conseguem mais estabelecer
ligação com seu próximo. Estas pessoas sentem que ninguém, nem mesmo Deus, pode
entender ou avaliar a intensidade de sua dor e por causa disso se isolam, mas
este isolamento só piora a situação porque ninguém suporta sofrer sozinho. E na
hora da dor, por mais que venhamos a desejar estar só, interagir ajuda a
superar a dor.
São
muitas as causas que podem nos traumatizar e nos tornar um saudosista e nos
deixar dependentes do passado. Uma delas pode ser a perda de um ente querido,
de uma pessoa que amamos de forma sem igual, principalmente se ocorrer de forma
trágica ou prematura. Pode ser a perda da mãe ou do pai, de um filho ou de uma
filha, de um irmão ou de uma irmã, do marido ou da esposa e não há como evitar
os questionamentos, os conflitos interiores a partir de então. Muitos porquês
vão tinir em nossa mente como um sino. Constantemente seremos pegos pensando: Como
Deus, que tanto amo, pode permitir que algo tão terrível acontecesse? O sentimento
do nosso coração é que não vamos conseguir sobreviver a esta dor. Sei que
muitas perdas são insubstituíveis, mas caso não cuidemos adequadamente desta
dor ela pode criar um abismo entre nós e os outros e até mesmo entre nós e
Deus.
Mais
uma vez (este é o terceiro texto) nos encontramos diante de um dilema em que a
atitude que tomarmos fará toda diferença. Se sofrermos sozinhos e recusarmos
ajuda corremos o risco de terminar nossos dias isolados e largados em um
saudosismo que nada mais fará do que nos fazer viver no passado e perder tanto o
presente quanto o futuro. Mas se buscarmos e aceitarmos ajuda, poderemos até
viver em conflito por um período de tempo, contudo logo encontraremos o caminho
novamente e passamos a seguir em frente, mesmo que machucados, pois logo
perceberemos que não estamos sozinhos, mesmo que assim o pareça. Sei que não é
fácil, e não estou dizendo que se você lidar corretamente com a dor ela
terminará e vai embora, mas o que digo é que a melhor opção é tomar uma atitude
que nos conduza a superação, porque é muito mais fácil fugir da realidade e
viver no mundo dos sonhos (como que se lá a dor não existisse), assim como é
muito melhor viver nas lembranças do passado do que encarar os desafios do
futuro.
O
sofrimento pode acabar com as nossas esperanças e nos afastar das pessoas. Mas
na hora da dor a presença dos amigos é o melhor remédio, mesmo que suas
palavras pareçam inúteis. Afinal, Deus nos criou com a capacidade de nos
relacionarmos com os outros. E quando nos sentimos desesperadamente sós,
interagir faz muito bem ao coração machucado. Podemos até achar que não
queremos a companhia de alguém, mas escolhermos estar com os amigos é a melhor
opção de superararmos a dor. Se agirmos assim não vamos ficar presos ao
passado, mas vamos caminhar para o lado certo da vida: Para frente! Não fique
aprisionado entre o passado e o futuro, como se o aqui e o agora não
existissem. Seus amigos estão aí! Eles podem não compreender a intensidade da
dor que estás sentindo, mas eles querem estar ao seu lado!
Quando
sentirmos profundamente que ninguém pode compreender o tamanho do nosso
sofrimento, quando sentirmos que os comentários superficiais e consoladores
mais parecem um insulto do que um conforto, lembremos que Jesus também conheceu
a dor da perda de um ente querido e quando isso aconteceu a Bíblia diz que Jesus chorou (Jo 11.35). Ele chorou
porque amava a Lázaro e a morte de seu amigo irmão abalou seu íntimo e a dor da
morte, da perda o fez fazer o que é mais natural nesta hora: Chorar! E chorar
não é errado, mas a Bíblia diz: Ao anoitecer,
pode vir o choro, mas a alegria vem pela
manhã (Sl 30.5). O choro não pode ser eterno de forma que se viveres
chorando viverás trancado dentro de si, em meio a sombras que insistem em
pairar sobre sua cabeça e, então, não mais viverás, mas apenas existirás. E quanto
ao passado olhe para ele com prudência, porque o passado pode ser fonte de bem-estar
emocional, mas também de depressão. Busque a Deus e diga como Davi: SENHOR, meu Deus, clamei a ti por socorro, e tu me saraste (Sl 30.2). E caso
tenha sofrido a dor da perda de um ente querido, a Bíblia diz: Preciosa
é aos olhos do SENHOR a morte dos
seus santos (Sl 116.15). Estas palavras não trará seu ente de volta, mas
tem o poder de aliviar a sua dor e confortar seu coração. Que Deus assim te
abençoe! Amém!
Luiz Lobianco
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