Temos falado sobre a gratuidade da
salvação. Que somos salvos tão somente pela graça de Deus, mediante a fé que
Ele mesmo desperta em nós e através desta fé cremos em Jesus e, assim, somos
justificados diante de Deus mediante o sacrifício de Jesus lá na cruz. Temos
muito falado que neste procedimento todo não existe uma única razão do homem se
vangloriar diante de Deus por qualquer participação dele em sua salvação, pois
ela é uma obra exclusiva de Deus. Dele procede toda iniciativa. Hoje quero
falar da insuficiência de nossas obras em relação à salvação. Não vou lhe dizer
que nossas obras são insignificantes, pois elas têm um papel significativo na
eternidade. Jesus mesmo confirma isso quando diz: E eis que venho sem demora, E
COMIGO ESTÁ O GALARDÃO QUE TENHO PARA RETRIBUIR A CADA UM SEGUNDO AS SUAS OBRAS
(Ap 22.12). E Paulo diz: Porque importa
que todos nós compareçamos perante o tribunal de Cristo, PARA QUE CADA UM RECEBA SEGUNDO O BEM OU O MAL QUE TIVER FEITO POR MEIO
DO CORPO (2 Co 5.10). Para a salvação nossas obras são inúteis, mas
quanto ao recebimento de galardão elas são requisitos, e são provas
contundentes para a condenação no tribunal de Cristo.
O termo obras é muito abrangente.
Neste texto quero me referir às obras da Lei. E o que são as obras da Lei? São
as ações que a Lei regimenta no cumprimento de rituais sagrados. Entre estas
ações estão aquelas nas quais estaremos focando, que são observâncias de dias,
de comidas e bebidas e de usos e costumes. Sabemos da importância da Lei que
faz parte da Antiga Aliança e agora, em Cristo, vivemos a Nova Aliança. Nesta
renovação de aliança vivemos uma nova visão das obras da Lei. O autor de
Hebreus, falando sobre a Antiga Aliança, assim diz sobre ela: OS
QUAIS NÃO PASSAM DE ORDENANÇAS DA CARNE, BASEADAS SOMENTE EM COMIDAS, E BEBIDAS, e diversas abluções, IMPOSTAS ATÉ AO TEMPO OPORTUNO DE REFORMA (Hb 9.10). Observe
que ele fala que a imposição da Lei iria até determinado tempo em que sofreria
uma reforma, ou seja, uma renovação. E Paulo assim fala a respeito da inutilidade
da observância de comida: NÃO É A COMIDA QUE NOS RECOMENDARÁ A DEUS,
POIS NADA PERDEREMOS, SE NÃO COMERMOS, E NADA GANHAREMOS, SE COMERMOS (1
Co 8.8). Paulo assim falava porque havia nele uma convicção: PORQUE
O REINO DE DEUS NÃO É COMIDA NEM BEBIDA, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo (Rm 14.17). E por
causa disso ele nos adverte: Portanto, QUER COMAIS, QUER BEBAIS OU FAÇAIS OUTRA
COISA QUALQUER, FAZEI TUDO PARA A GLÓRIA DE DEUS (1 Co.10.31). Mas como
havia ainda muita divergência na Igreja por causa de comida, bebida e dias,
Paulo escreve para a Igreja e diz: NINGUÉM, POIS, VOS JULGUE POR CAUSA DE
COMIDA E BEBIDA, OU DIA DE FESTA, OU LUA NOVA, OU SÁBADOS (Cl 2.16).
Temos na Bíblia o exemplo de uma
igreja que, ao se converter, abandonou todos os rudimentos da Lei. Mas, por
causa da interferência de alguns judeus retornaram a eles. E Paulo lhes escreve
dizendo: ADMIRA-ME QUE ESTEJAIS PASSANDO TÃO DEPRESSA DAQUELE QUE VOS CHAMOU NA
GRAÇA DE CRISTO PARA OUTRO EVANGELHO,
o qual não é outro, senão que há alguns que vos perturbam e querem perverter o
evangelho de Cristo (Gl 1.6-7). A igreja dos Gálatas estava voltando aos
rudimentos da Lei e nesta carta Paulo os adverte quanto a isso: Mas agora que conheceis a Deus ou, antes,
sendo conhecidos por Deus, COMO ESTAIS
VOLTANDO, OUTRA VEZ, AOS RUDIMENTOS FRACOS E POBRES, AOS QUAIS, DE NOVO,
QUEREIS AINDA ESCRAVIZAR-VOS? GUARDAIS DIAS, E MESES, E TEMPOS, E ANOS.
Receio de vós tenha eu trabalhado em vão para convosco (Gl 4.9-11). Paulo repreende
veementemente a igreja por causa deste assunto.
E não foi somente a igreja dos
Gálatas que enfrentou este problema. Veja este ocorrido que Paulo menciona: Quando, porém, Cefas veio a Antioquia,
resisti-lhe face a face, porque se tornara repreensível. COM EFEITO, ANTES DE CHEGAREM ALGUNS DA PARTE DE TIAGO, COMIA COM OS
GENTIOS; QUANDO, PORÉM, CHEGARAM, AFASTOU-SE E, POR FIM, VEIO A APARTAR-SE,
TEMENDO OS DA CIRCUNCISÃO. E também os demais judeus dissimularam com ele, A PONTO DE O PRÓPRIO BARNABÉ TER-SE DEIXADO
LEVAR PELA DISSIMULAÇÃO DELES.
Quando, porém, VI QUE NÃO PROCEDIAM
CORRETAMENTE SEGUNDO A VERDADE DO EVANGELHO, disse a Cefas, na presença de
todos: se, sendo tu judeu, vives como gentio e não como judeu, por que obrigas
os gentios a viverem como judeus? Nós, judeus por natureza e não pecadores
dentre os gentios, sabendo, contudo, que O
HOMEM NÃO É JUSTIFICADO POR OBRAS DA LEI, E SIM MEDIANTE A FÉ EM CRISTO JESUS,
também temos crido em Cristo Jesus, para que fôssemos justificados pela fé em
Cristo e não por obras da lei, POIS, POR
OBRAS DA LEI, NINGUÉM SERÁ JUSTIFICADO (Gl 211-16). O Novo Testamento
não deixa nenhuma dúvida de que a Igreja, em seus primórdios, mesmo sofrendo
com a interferência de judeus que se convertiam ao cristianismo, foi se
abstendo dos regimentos da Lei e crescendo a cada dia no evangelho, conforme os
ensinamentos dos Apóstolos de Cristo. Pense nisso!
Luiz Lobianco
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